“Não compete a Jardim alterar a Lei de Finanças Regionais”

carlos-cesar“Compete à Assembleia da República e não ao Dr. Jardim assegurar ou alterar os termos actuais da Lei de Finanças Regionais (LFR)”.

É assim que o presidente do governo açoriano, Carlos César, reage à intenção do seu homólogo madeirense, Alberto João Jardim, de apresentar na Assembleia da República o mesmo projecto de revisão da LFR recusado pelo PS, quando este dispunha de maioria absoluta em São Bento. Mas a situação agora mudou. O PS ganhou as últimas Eleições Legislativas nacionais, mas perdeu a maioria absoluta que tinha conquistado em 2005. É por isso que João Jardim quer tentar de novo a sua sorte, pondo à prova a “coerência” dos partidos que votaram na altura favoravelmente ao projecto. 

 

 “Vamos experimentar a Assembleia da República, porque uns meses depois das eleições legislativas regionais de 2007 apresentámos uma nova Lei das Finanças Regionais, que contrariava o roubo que o PS fez aos madeirenses, que foi recusada pela maioria socialista que agora já não está lá”, frisou Jardim num recente comício no concelho do Funchal.

 

O que é certo é que, se os partidos mantiverem o “sim” em relação à sua proposta de alteração da lei, o PS não terá a maioria dos deputados para impedir que o projecto de revisão passe no hemiciclo nacional. Aí sim, Alberto João Jardim cantará vitória com a “reposição dos direitos do povo madeirense”. No caso concreto, colocando um ponto final na discriminação positiva dos Açores contida na actual lei, no que diz respeito às transferências do Orçamento do Estado para as Regiões Autónomas.

 

Carlos César não classifica a atitude de Jardim, mas também não abdica do objectivo de ser mantida e consagrada “justiça proporcional” no que se refere à LFR, em benefício dos Açores. “Se o país estiver em condições de ajudar mais cada uma das Regiões Autónomas, respeitando essa justiça proporcional, essa discriminação positiva dos Açores nada tenho a opor” a uma possível mexida na lei. Carlos César reafirma o propósito de não ser aplicada uma solução igual para realidades diferentes: “Defendo que os Açores não devem ser prejudicados, nem nos valores que recebem ao abrigo da Lei de Finanças Regionais, nem na consideração das diferenças e dos seus sobrecustos que justificam o diferencial actual com a Madeira”.
Para a manutenção da majoração dos fundos estatais para os Açores, o chefe do Executivo parte do princípio de que a generalidade dos portugueses “percebe como é mais difícil viver e desenvolver actividade económica num arquipélago de nove ilhas distanciadas por seiscentos quilómetros de mar”. Isto comparativamente à outra região insular portuguesa, que tem apenas duas ilhas separadas por pouco mais de quarenta quilómetros e, inclusivamente, estão mais próximas do Continente.
in AO
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