“Não há, para já, nenhuma informação que nos leve a concluir que o navio se encontra aqui para efectuar actividades de recuperação de carga de naufrágios, mas também não temos a confirmação do contrário”, alertou o arqueólogo José António Bettencourt, em declarações à Lusa.
Na perspectiva deste investigador, as autoridades marítimas devem “estar atentas aos movimentos” do navio inglês, para evitar que “as águas dos Açores sejam delapidadas”.
O navio ‘John Lethbridge’, pertencente à empresa britânica SubSea Resources, encontra-se há cerca de duas semanas em águas açorianas, tendo fundeado nos últimos dias na baía do Porto da Horta, no Faial, para reparar uma avaria técnica.
Esta embarcação está equipada com a mais recente tecnologia subaquática para pesquisar o fundo do oceano, dispondo, entre outro material, de sonar de varrimento lateral, sonar multifeixe e magnetómetro, montados num trenó para utilização a grande profundidade.
No seu site na Internet, a empresa proprietária do navio reivindica já ter identificado cerca de sete dezenas de embarcações naufragadas com carga perdida em vários locais do mundo, 20 dass quais contendo valores superiores a 450 milhões de dólares.
Nas declarações que prestou à Lusa, José António Bettencourt recordou que este tipo de actividade é “ilegal” em águas portuguesas, salientando que a presença deste navio nos Açores é “motivo de preocupação”.
Segundo a legislação nacional, a actividade de prospecção subaquática só é permitida no âmbito de projectos e de estudos de valorização do património cultural subaquático.
Uma fonte da Secretaria Regional do Ambiente contactada pela Lusa revelou que “não deu entrada” naqueles serviços nenhum pedido de autorização para a realização de actividades em águas açorianas em nome do navio ou da empresa proprietário.
Por seu lado, o capitão do Porto da Horta, Fernando Horta, garantiu à Lusa que as autoridades marítimas “estão atentas” à presença do ‘John Lethbridge’ em águas açorianas.
Nesse sentido, salientou que a Marinha de Guerra, o Comando Naval dos Açores e o Instituto Hidrográfico Português foram informados da presença do navio.
“Estamos atentos à presença deste navio, que se dedica à caça ao tesouro”, afirmou Fernando Horta, alertando, no entanto, que “a Capitania do Porto da Horta só tem jurisdição para acompanhar a actividade do barco dentro das 200 milhas”.
O capitão do Porto da Horta revelou que a empresa a quem foi consignado o navio anunciou que a embarcação parte hoje para uma missão fora das 200 milhas da Zona Económica Exclusiva dos Açores, mas “não especificou para onde”.
Lusa