Este facto poderá explicar o “pico” de casos de Gripe A registados no concelho e que conduziu a um reforço de recursos humanos no Centro de Saúde da Ribeira Grande.
Confrontado sobre se houve alguma irresponsabilidade por parte de pais, com filhos contaminados que deveriam ter ficado em casa e não o fizeram, Miguel Correia afirma que “poderá ter havido essa situação, mas isso corresponde à evolução natural da doença”. “Há conselhos que são dados da mesma forma, cumprindo a cada um de nós acatar ou não esses conselhos.
As pessoas devem fazer um esforço para acatar as orientações dos profissionais de saúde”, declara. Uma equipa de reportagem do AO esteve nesta segunda-feira no concelho da Ribeira Grande e teve oportunidade de ser confrontada, num café, com um indivíduo que referiu ter neto e filho portadores da Gripe A e que deveria estar em casa, de quarentena.
Aludiu mesmo, de forma frontal, ao facto de lhe faltar uma toma para acabar com a terapêutica. Na cidade da Ribeira Grande as pessoas não abdicaram da sua rotina. Mas esta é uma palavra que não pode ser usada quando se fala de farmácias ou do Centro de Saúde, que têm registado uma afluência acima do normal.
A azáfama é bem visível à entrada do Centro de Saúde, com várias pessoas a usarem máscaras e a terem que se manter no exterior, de pé, quando o podem fazer a aguardar a sua vez.
Após uma reunião com carácter de urgência com o director do Centro de Saúde da Ribeira Grande, o titular da pasta da Saúde declarou aos jornalistas que se vai entrar numa “nova fase de combate” à Gripe A, a de minimização, que vai começar pelo concelho da Ribeira Grande face ao aumento de casos.
Miguel Correia admite que o número de casos tem vindo a “aumentar significativamente”. Daqueles considerados para investigação, mais de 90 por cento confirmam-se.
Nesta fase de minimização, explicou, os testes vão deixar de ser efectuados à maior parte das pessoas. Sós os doentes em situação clínica considerada grave beneficiarão deles. “Ganha-se assim tempo para atender em menos tempo as pessoas e partir de imediato para a terapia”, clarifica Miguel Correia.
Na sua leitura, este número de casos surge na Ribeira Grande “por mero acaso”, uma vez que “há condições semelhantes às da Ribeira Grande em todos os outros concelhos dos Açores”. Agora há que esperar que esta situação se alastre aos outros concelhos.
Refuta acusações de que os comportamentos adoptados em vários concelhos tenham sido diferentes: “existe uma política comum e as orientações têm sido acatadas por todos os delegados de saúde, havendo que reconhecer o mérito de todos eles e dos profissionais de saúde nos hospitais e centros de saúde”.
O titular da pasta da Saúde declara que tem havido um número crescente de chamadas para a linha Saudaçor, totalizando cerca de sete mil, neste momento. Clarifica que as freguesias estão a ser igualmente afectadas no concelho da Ribeira Grande. Admite a necessidade de reforçar com mais elementos o Centro de Saúde da Ribeira Grande, nomeadamente o serviço de atendimento à gripe.
Miguel Correia declara que o número de casos está abaixo das expectativas. Estima-se que a situação evolua com “bastante incidência” a partir de finais de Setembro. O secretário regional conclui que “nós estamos a organizar os nossos serviços para o pior cenário, mas esperemos que não venhamos a chegar sequer ao cenário moderado”.
in AO