Segundo o relatório de atividades do Sistema Nacional de Farmacovigilância correspondente ao ano de 2022, a notificação de reações adversas baixou (-31%) relativamente a 2021, o que faz o Infarmed alertar para a necessidade de “aumentar a consciencialização” de todos para a importância desta comunicação.O documento refere igualmente que o ano de 2022 ficou marcado pela diminuição das notificações de suspeitas de RAM relativamente às vacinas contra a covid-19, que passaram de 24.885 (2021) para 16.486 (2022).
Os dados divulgados pelo Infarmed mostram que nos últimos 30 anos o Portal RAM registou 144.344 notificações de suspeitas de reações adversas.
Das 26.932 notificações de suspeitas de RAM registadas, 5.902 (22%) foram recebidas por via direta e 21.030 (78%) através da indústria farmacêutica (titulares de Autorização de Introdução no Mercado).
Em 2022, a maior parte das suspeitas de reações adversas foram notificadas por profissionais de saúde (70%), das quais 32% de médicos, 25% de farmacêuticos e 10% de enfermeiros. Os utentes contribuíram com 30% das notificações recebidas.
As notificações espontâneas representam 95% do total. As restantes (solicitadas), que resultam de estudos observacionais e de seguimento de doentes com acesso ao uso de medicamentos que ainda não estão aprovados em Portugal representam os restantes 5%.
Das notificações espontâneas, 23% foram consideradas graves e nas solicitadas este valor sobe para 29%.
As notificações recebidas são analisadas e avaliadas para averiguar, por exemplo, se são consideradas notificações válidas ou se são duplicadas. Depois desta avaliação, até ao momento, deram origem a 25.602 casos de reações adversa a medicamentos.
As reações adversas mais frequentemente notificadas durante o ano de 2022 foram as relacionadas com perturbações gerais e alterações no local de administração, “o que pode ser explicado pelas notificações de casos de RAM relacionadas com as vacinas contra a covid-19”, refere o documento.
Seguem-se as doenças do sistema nervoso (7.143 casos), as afeções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos (5.989) e as doenças gastrointestinais (3.525).
O maior número de notificações recebidas concentra-se no litoral Centro e Norte do Continente, com especial incidência nas áreas de Lisboa (33%) e Porto (27%), o que é explicado por uma maior densidade populacional, maior concentração de grandes hospitais e centros de saúde, que estão na base de maior ocorrência de consultas e prescrição de medicamentos.
A este nível, o Infarmed aponta um desafio futuro: “promover a notificação de suspeitas de RAM junto dos vários notificadores do interior do Continente e das Regiões Autónomas, através da promoção de campanhas de sensibilização e formação”.
Lusa