“Em resultado da adoção dos renovados modelos de gestão, é previsível que se acentue a minimização gradual do contributo da fotografia de imprensa na formação da identidade de cada órgão de comunicação”, refere o estudo, uma tese de mestrado em Ciências da Comunicação, a que hoje a Lusa teve acesso.
A tese de Luísa Silva acrescenta que, e de uma forma prospetiva, se “poderá registar um declínio no fotojornalismo português, não tanto por causa da diminuição da qualidade do produto dos profissionais, mas sobretudo como efeito das ações e das resoluções tomadas pelos proprietários das empresas mediáticas no novo ecossistema da imprensa em Portugal”.
O trabalho, agora apresentado, pretendia realizar um diagnóstico de aproximação ao estado atual do fotojornalismo português e perceber em que medida o fenómeno da convergência (capacidade de diferentes plataformas transportarem diferentes tipos de serviços) tem vindo a afectá-lo.
Para o efeito foram feitas entrevistas a 14 personalidades da área (entre fotógrafos, editores de fotografia e diretores) e aplicado um questionário a 25 fotojornalistas.
“O impacto da Internet levou a que o modelo dos negócios de média tivesse de ser reformulado”, passando pela “criação de agências partilhadas de fotografias em cada grupo económico”, explicou a investigadora.
O estudo refere mesmo que “grupos como a Impala e a Controlinveste já estão a levar a cabo esta experiência e a Impresa já demonstrou vontade de equacionar uma tentativa para a criação das agências”.
Se até agora cada órgão de comunicação dispunha de uma equipa de fotojornalistas fixos, com recurso pontual a colaboradores freelancers, com a nova estrutura de agências levantam-se “sérias questões à volta do futuro do fotojornalismo”, especialmente relacionadas com “a coerência e identidade de cada projeto [editorial] e com o possível aumento da precariedade na profissão”.
O estudo prevê que nas redações se assista a uma diminuição das equipas fixas de fotojornalistas e um aumento do trabalho em outsorcing.
Se as agências de imagens se acabarem por concretizar, a linha editorial e a “força visual própria de cada meio” vão acabar por se perder em consequência da “diversidade de abordagens a nível de fotografia”, sustentou Luísa Silva.
“Será uma perda para o jornalismo porque vão ser todos iguais”, frisou.