O novo presidente do Instituto Açoriano de Cultura, Paulo Raimundo, defende uma produção cultural de excelência, para o exterior, com financiamentos diversificados e focada “na modernidade e fora dos constrangimentos dos calendários político-partidários”.
Em que fase está o inventário do património imóvel dos concelhos?
É um projecto contratualizado com a Direcção Regional da Cultura, que se encontra numa fase final de execução, faltando apenas concluir os trabalhos de campo respeitantes a Angra do Heroísmo. Espera-se a conclusão do trabalho de campo no 1º semestre de 2009 e a apresentação dos últimos dossiês até final deste ano.
O IAC vai continuara apadrinhar o lançamento de novas obras?
A área da investigação, associada a uma actividade editorial, continuará a ser um dos vectores privilegiados da nossa acção para o próximo biénio. Até porque, essa tem sido, desde a sua génese, uma das acções aglutinadoras e motivadoras da adesão e manutenção dos nossos associados.
Tem garantidos os meios de financiamento para as suas actividades?
Só avançamos para o desenvolvimento de cada projecto, quando se encontram reunidas todas as condições para a sua concretização. Da aplicação dessa política resulta que, a situação financeira da instituição seja positiva. Esta realidade não equivale a dizer que se trata de um Instituto sem constrangimentos financeiros, mas sim, que as acções a que se tem proposto, têm merecido o reconhecimento de variados parceiros que as têm viabilizado.
Há falta de mecenas na região?
Perante o cenário actual e atendendo à especificidade da nossa Região, não poderei afirmar que não existam mecenas na Região. Acresce que existe uma gama de programas de viabilização de programas culturais (regionais, nacionais e mesmo a nível europeu) que nunca existiram no passado. A solução talvez passe pela apresentação de projectos coerentes e bem estruturados e pela sua apresentação nos círculos adequados.
Não haverá investimento público a mais e privado a menos?
O sector público regional tem sido a principal alavanca para muitos projectos culturais. No entanto, temos de ter consciência que, se temos ambições teremos obrigatoriamente de ser criativos no aspecto do financiamento.
Essa dependência financeira não induzirá a uma certa cultura “estatal”?
É precisamente dessa diversidade de parceiros e de “criatividade” na angariação de parceiros, que resulta a independência programática do IAC, possibilitando uma acção cívica, focada nos aspectos da modernidade e da contemporaneidade, sem constrangimentos de calendários político-partidários. A nossa actividade centra-se essencialmente, na “construção” do futuro, promovendo e divulgando novos conceitos e correntes de pensamento. Somos uma instituição regional, mas não regionalista, e negamos o complexo de marginalidade e de periferia, assumindo que na época em que vivemos, nos encontramos no centro do globo e que tudo o que nos envolve está ao alcance de um clique. Só tendo consciência desta centralidade é que será possível ocuparmos o lugar que nos pertence.
Como é que se pode dar este salto “qualitativo”?
Através do conhecimento, apoio e divulgação dessa massa crítica e duma gestão cultural virada para a excelência. Não considero incompatível preservar aspectos culturais populares como o folclore ou a música popular ou qualquer outra actividade, com o desenvolvimento de políticas de valorização e de procura da modernidade e excelência. Se as oportunidades existentes forem consideradas como incentivos, encararemos esses apoios como um conjunto de condições favoráveis ao crescimento e à ruptura com as fronteiras geográficas.
Direcção aposta na edição de obras
Criado em 1955, o Instituto Açoriano de Cultura é uma associação de utilidade pública. Tem desenvolvido trabalho em várias frentes, sobretudo na Edição de livros e revistas, como a Atlântida, o título residente.
Para este ano, estão previstas diversas obras editoriais, entre as quais se destacam: O Carnaval na Idade Média: discursos, imagens, realidades, História Ilustrada da Arquitectura dos Açores, Angra do Heroísmo: Arquitectura do Século XX e Memória Colectiva, Atlântida Médica: XXXIV Edição da Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas, Cabo Verde – Açores – Madeira – Canárias
(edição em CD, que deverá sair no final do mês)e Atlântida-Revista de Cultura de 2008 (vol. XLIII) e Açores, Açorianos e Açorianidade, de Onésimo Teotónio de Almeida.
Carmo Rodeia (in AO)