Oposição critica gestão da SATA, Governo dos Açores diz que tirará ilações das contas

A oposição no parlamento dos Açores criticou hoje a gestão da transportadora aérea SATA, pedindo informações sobre as contas da empresa, com o Governo Regional a garantir que até final do mês serão revelados os dados do primeiro semestre do ano.

A apresentação das contas do primeiro semestre – abarcando também o segundo trimestre – “tem um prazo legal”, termina a 30 setembro e estas serão apresentadas ao parlamento dos Açores, disse a governante com a tutela dos Transportes, Ana Cunha.

“Cá estaremos aqui para explicar essas contas e se tirar delas as devidas conclusões”, prosseguiu a governante, acrescentando que a administração da empresa, em sede própria, também fará a sua análise dos números.

A Assembleia Legislativa dos Açores debateu hoje, a pedido do PPM, a situação financeira da SATA, numa altura em que se sabe que a empresa registou prejuízos de 20,84 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano (16,85 milhões na Azores Airlines, que faz as ligações para fora da região, e 3,99 milhões na SATA Air Açores).

Para o PSD, maior partido da oposição, os resultados são “brutais” para a “pequena dimensão populacional” dos Açores e “chocantes para os problemas” da região.

“Perder tanto dinheiro por incompetência e ineficácia é seguramente motivo para que neste parlamento se debata repetidamente o tema”, declarou o deputado António Vasco Viveiros.

E reforçou: “A situação é preocupante pelos prejuízos que, só na atual legislatura e até ao final do primeiro trimestre de 2019, ultrapassam os 130 milhões e que, desde 2008, totalizam 220 milhões de euros”.

À direita, o CDS, pelo deputado e presidente da estrutura centrista açoriana, Artur Lima, sublinhou que a empresa “devia servir os açorianos, mas não serve, antes pelo contrário”, havendo erros de administrações passadas, e da atual, que resultaram em “números que não são surpresa para ninguém”.

“É preciso agora tomar mão política na SATA. O descalabro está à vista e o desastre é iminente. A SATA entrou num processo de autodestruição”, acrescentou o parlamentar.

O Bloco de Esquerda, por seu turno, defende que o Governo Regional, socialista, tudo tem feito para criar uma imagem pública negativa da SATA para arranjar um falso motivo para a sua parcial privatização do ramo que opera para fora do arquipélago.

“Não é a SATA que apresenta contas negativas, são antes os Governos Regional e da República que têm uma dívida cada vez maior para com a autonomia”, declarou o deputado bloquista Paulo Mendes.

Já o PCP, pelo deputado único no hemiciclo açoriano, João Paulo Corvelo, lembrou, à imagem de outros debates, o papel da transportadora aérea na coesão territorial, demonstrando preocupações pelo anunciado processo de privatização de 49% da Azores Airlines, que opera de e para fora dos Açores.

A secretária regional não deu novas indicações sobre este negócio, indicando que nesta fase aguarda por avanços da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), que lidera a operação.

O PS, partido que tem maioria absoluta na Assembleia Legislativa dos Açores, assume “dar a cara quando as coisas não correm bem”, e o deputado José Ávila reconhece que “nem sempre” as coisas “correm bem na área dos transportes”.

“Mas uma coisa é certa, a SATA tem feito um esforço tremendo para tentar resolver a procura por voos em todos as ilhas dos Açores, não é só numa, é em todas”, prosseguiu o deputado.

E insistiu: “Todos nós, sem exceções, andámos a pedir melhores acessibilidades para as nossas ilhas – fazemos isso há anos – e se formos ver as estatísticas, de forma séria, temos que reconhecer que da parte do Governo Regional e da parte da SATA houve um esforço tremendo para satisfazer as necessidades de cada uma das nossas ilhas”.

Em 2018, a companhia aérea pública açoriana tinha registado um prejuízo de 53,3 milhões de euros, um agravamento de 12,3 milhões face ao ano de 2017.

Na apresentação das contas, o presidente da empresa, António Teixeira, manifestou a intenção de baixar os prejuízos em 2019 para cerca de metade do registado em 2018.

 

 

Lusa

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