O líder do PS/Açores disse hoje que um Plano e um Orçamento da região para 2024 que “varre para debaixo do tapete” os problemas, “não convence, nem deve convencer os mais conscienciosos”.
Para Vasco Cordeiro, “apresentar-se um Plano e um Orçamento que dá tudo a todos e não resolve” os problemas da Região Autónoma dos Açores “parece ser um Plano e Orçamento que varre para debaixo do tapete os problemas e apresenta apenas um falso brilho que não convence, nem deve convencer os mais conscienciosos”.
O presidente do PS dos Açores, que falava no sábado à noite, na cidade de Lagoa, na ilha de São Miguel, num jantar convívio que assinalou os dois anos da reeleição da socialista Cristina Calisto para a liderança da autarquia, referiu que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) entregou na sexta-feira, na Assembleia Legislativa Regional, o Plano e o Orçamento para 2024 e não sabe “o que é que vai acontecer quanto à votação desses documentos”.
“Cada partido, obviamente, decidirá aquilo que é a sua letra e a forma como entende os méritos ou os deméritos desses documentos”, declarou.
No entanto, salientou que “é preciso encarar os problemas de frente” e a região tem uma situação, do ponto de vista das finanças públicas, que pode comprometer o futuro.
E prosseguiu: “Nós temos uma situação em que, desde o dia 01 de janeiro de 2021, até ao dia 30 de junho de 2023, a dívida pública da região aumentou um milhão de euros por dia, incluindo domingos, sábados e feriados”.
Na sua opinião, “isto é um problema, porque pode impedir que no futuro se continue a apoiar famílias, que no futuro se continue a apoiar empresas”.
Vasco Cordeiro apontou também que os Açores, entre 2021 e 2027, têm mais de 3 mil e 200 milhões de euros da União Europeia para investir, mas isso é um motivo de preocupação por constatar que “não estão a ser capazes de executar este dinheiro”.
“E se não o executarem até 2027, esse dinheiro é devolvido à União Europeia” alertou Cordeiro.
No seu discurso também disse que tem ouvido várias vezes que com o Orçamento, o que está em causa “é uma questão de estabilidade” e que, “se porventura houver um problema qualquer com o Orçamento, o chão abre-se e há, enfim, um gravíssimo problema”.
“É preciso esclarecer um pouco esta matéria. É preciso dizer que o parlamento que hoje nós temos, é o mesmo parlamento que tínhamos de há três anos a esta parte. E, portanto, aqueles que antes votaram a favor, não perderam a sua dignidade nem a sua razão se agora votarem de maneira diferente”, explicou.
E acrescentou: “E aqueles que se arvoraram e arrogaram, durante estes três anos, como sendo aqueles que conseguiam essa estabilidade, não podem deixar de ser responsáveis também, se, porventura, essa estabilidade, desta vez, não acontecer”.
Vasco Cordeiro, que presidiu ao Governo dos Açores entre 2012 e 2020, também referiu que há uma questão que lhe parece importante: “A estabilidade ao serviço de um mau Governo é um problema”.
“E não é a democracia que deve estar subordinada à estabilidade, mas sim a estabilidade que se deve construir de acordo com as regras da democracia. E é disso que nós estamos a falar também neste Plano e neste Orçamento”, concluiu o também líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa dos Açores.
A proposta de Orçamento dos Açores para 2024, que será votada em novembro, atinge os 2.036.738.347,00 euros.
Lusa