“Todos tínhamos a noção de que faltavam médicos nas diferentes especialidades e nas diferentes ilhas e, de facto, a carência é significativa”, afirmou a presidente do Conselho Médico da Região Autónoma dos Açores, Margarida Moura, que falava hoje aos jornalistas, depois de reunir-se com o secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Menezes.
A representante da Ordem dos Médicos na região, que iniciou funções em fevereiro, concretizou que estão “em carência cerca de 200 médicos, 54 de Medicina Geral e Familiar e os outros divididos por outras especialidades”, identificando as ilhas de Santa Maria, São Jorge e Pico como as mais carenciadas.
Em relação a especialidades hospitalares, no Hospital do Divino Espírito Santo, em São Miguel, anestesiologia é “uma especialidade muito carenciada”, enquanto no Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira a especialidade com mais falta é obstetrícia e ginecologia.
No Hospital da Horta, no Faial, há “muitas especialidades onde nem sequer há médicos residentes, há contratualização com médicos externos”, disse a responsável.
O secretário regional da Saúde e Desporto dos Açores, Clélio Meneses, destacou “a aposta deste Governo Regional em fixar médicos na região, para que aquilo que foi a necessidade identificada pela Ordem dos Médicos, nomeadamente ao identificar cerca de 212 faltas de médicos nos Açores, seja ultrapassada ao longo do tempo”.
“Isto não é, obviamente, uma situação que se resolva de um dia para o outro, que se resolva num ano. É um trabalho de médio-longo prazo, mas só conseguimos alcançar o objetivo se o iniciarmos”, prosseguiu.
O governante referiu que estão “abertos concursos em várias ilhas, em várias unidades hospitalares”, e considerou “essencial” o investimento na “formação contínua dos médicos”.
“Os médicos têm de sentir que, mesmo estando na região, conseguem manter-se atualizados, cada vez mais capazes de utilizar novas técnicas, de utilizar novos métodos, novos equipamentos — vai haver um reforço nos equipamentos hospitalares da região para também assim os médicos se sentirem estimulados a trabalhar na região”, adiantou.
Clélio Meneses lembrou ainda que “havia uma prática, até agora, de que esses médicos [internos] acabavam a sua formação de especialidade e ficavam durante um ano a receber a remuneração de internos”.
“Eu determinei que isso acabasse — os médicos acabam a sua formação, são especialistas e devem ser remunerados como especialistas. Nesse sentido, determinei que fossem abertos concursos para que esses médicos formados na região fiquem na região”, apontou o responsável pela pasta da Saúde.
Questionado sobre quando é que todos os residentes nos Açores terão acesso a um médico de família, o secretário regional não se quis comprometer com datas: “Não consigo dar uma data para isso, só vou dar metas quando tiver a certeza de que as vamos cumprir”, afirmou.
O governante garantiu que está a “trabalhar para isso”, mas apontou “uma dificuldade acrescida: há muitos médicos em vias de aposentação”.
“Estou muito preocupado com essa situação”, acrescentou, referindo-se a um “problema generalizado de necessidade de médicos de Medicina Geral e Familiar”.
Lusa