A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico sagrou-se vencedora do Prémio Nacional de Paisagem 2018, de entre os 27 projetos de todo o país, fruto de um consenso do júri, pela sua qualidade e exemplo de uma correta implementação da Convenção Europeia da Paisagem, da Política Nacional de Arquitetura e da Paisagem e da Política de Ordenamento do Território dos Açores.
Na cerimónia de entrega do Prémio, promovida pelo Ministério do Ambiente, a Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo frisou a “enorme satisfação” pela Paisagem da Cultura da Vinha da ilha do Pico ter sido a vencedora, “o que muito nos orgulha” e faz com que os Açores, uma vez mais, “sejam distinguidos a nível nacional pela qualidade dos seus recursos e, simultaneamente, pelas políticas levadas a cabo pelo Governo Regional”.
“Com estas políticas públicas de incidência territorial, damos passos firmes na preservação do nosso património natural e cultural, ao mesmo tempo que apostamos num desenvolvimento sustentado”, salientou Marta Guerreiro, explicando que, desde há cerca de duas décadas, se tem desenvolvido “uma panóplia de mecanismos de planeamento, gestão e ordenamento do território, em geral, e das áreas sensíveis em particular”.
Segundo a Secretária Regional, a Paisagem da Cultura da Vinha tem sido “o palco de um processo absolutamente extraordinário de implementação, com sucesso reconhecido, das políticas de ordenamento do território, de paisagem e de conservação da natureza”.
“Algo que só foi possível pela implementação de um vasto conjunto de políticas e medidas, ao longo dos últimos anos, que fizeram renascer e consolidar uma paisagem vitícola viva, com características únicas e com uma relevância económica e social cada vez maior”, frisou Marta Guerreiro, destacando a reabilitação do património edificado, por via das reconstruções de ruínas e da correção de dissonâncias arquitetónicas, bem como, por via da reconstrução e utilização de património público”.
O Museu do Vinho, a sede do Parque Natural, o Gabinete Técnico da Vinha, o Centro de Interpretação da Paisagem da Cultura da Vinha, ou a Casa dos Vulcões, que se prevê que entre em funcionamento já no próximo mês de maio, são alguns dos exemplos.
A titular da pasta do ambiente reforçou o trabalho do executivo açoriano relativamente aos sistemas de incentivos à manutenção e à reabilitação da paisagem tradicional da cultura da vinha em currais, fazendo com que um século e meio depois do declínio da atividade vitivinícola, o vinho do Pico voltasse “a entrar nos mercados externos e a ser um produto reconhecido internacionalmente”.
“Constitui-se como um produto turístico por excelência, podendo ser catalisador da economia local e regional, sendo capaz de atrair diversos segmentos de mercado, desde novos consumidores, aos mais experientes neste tipo de produtos”, referiu a governante, acrescentando que esta oferta turística deve ser divulgada, permitindo enriquecer os Açores “no mercado nacional e internacional, através de uma oferta que contemple experiências que envolvam e conciliem os nossos melhores produtos, entre degustações, passeios na natureza e visitas a adegas ou outras atividades, como workshops com chefes de cozinha, colheitas, feiras ou eventos temáticos, envolvendo todos os empresários ligados ao turismo”.
“No caso do Pico, sabemos que o enoturismo é um fator imprescindível de atração turística dos Açores e, salvaguardando-o, estaremos, simultaneamente, a defender e a preservar estes produtos vitivinícolas, conferindo-lhe maior autenticidade, e a incentivar o desenvolvimento contínuo do sector da restauração e hoteleiro, de crucial importância económica nos Açores”, sublinhou.
Será, ainda, a representante de Portugal na 6.ª edição (2018/2019) do Prémio da Paisagem do Conselho da Europa, que visa distinguir a implementação de uma política ou de medidas de proteção, gestão e/ou ordenamento da paisagem que constituam uma boa prática de sensibilização e participação pública.