Papa pede perdão “por tanta crueldade” em mensagem no livro de honra de Auschwitz

papa lusaO papa Francisco manteve-se hoje em silêncio durante a visita a Auschwitz, perto de Cracóvia, mas deixou escritas as suas emoções no livro de honra do campo de concentração.

“Senhor, tende piedade do teu povo, Senhor, perdoa tanta crueldade”, foram as palavras que deixou no livro de honra de Auschwitz.

O papa entrou a pé, sozinho e em silêncio, no campo de concentração nazi, através do famoso portão decorado com as palavras “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”).

Um grupo de 12 sobreviventes polacos, judeus e ciganos, incluindo a violinista Helena Dunicz-Niwinska, de 101 anos, esperava o papa.

Uma das sobreviventes, Janina Iwanska, de 86 anos, declarou estar “muito comovida”: “Disse-lhe que este encontro era um presente por tudo aquilo que vivi. As minhas palavras foram traduzidas para o papa e ele sorriu”.

Um outro sobrevivente, Alojzy Fros, que em dezembro completará 100 anos, afirmou que gostaria de ter falado com o papa sobre a situação na Europa e a questão dos refugiados.

Mas Fros lembra-se também nitidamente dos horrores vistos no campo de concentração nazi.

“Pouco depois da minha chegada, fui à enfermaria. Atrás de uma porta entreaberta vi corpos nus e empilhados como pedaços de madeira, numa pilha com cerca de um metro de altura. Eram pessoas que a SS [braço armado do partido nazi] classificou como inaptas para trabalhar e que foram mortas com uma injeção no coração. Quando fecho os olhos, continuo a ver esta imagem”.

Depois Francisco dirigiu-se à cela do campo onde o sacerdote polaco Maximiliano Kolbe morreu de fome e de sede às mãos dos nazis para salvar um pai.

A visita ao campo nazi decorre no mesmo dia em que se assinalam os 75 anos da condenação à morte daquele sacerdote franciscano polaco, proclamado santo por João Paulo II em 1982.

O papa visitou também Auschwitz II-Birkenau, onde chegavam comboios repletos de deportados que seguiam diretamente para as câmaras de gás e crematórios, num local em que o extermínio foi organizado como uma indústria.

Vinte e cinco católicos polacos, que arriscaram a vida para ajudar judeus durante a ocupação nazi do país, nomeados “Justos entre as Nações” pelo instituto israelita Yad Vashem, saudaram o papa e receberam medalhas do seu pontificado.

Perto de 1,1 milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz-Birkenau, incluindo um milhão de judeus europeus. Mais de cem mil não-judeus, polacos, ciganos e prisioneiros de guerra soviéticos foram assassinados no mesmo local. O exército soviético libertou o campo em 1945.

Dois papas, um polaco e outro alemão, visitaram Auschwitz, antes de Francisco: João Paulo II em 1979 e Bento XVI em 2006.

No início da visita à Polónia, Francisco advertiu que o mundo estava a viver uma terceira guerra mundial fragmentada, lembrando as duas anteriores.

 

Lusa

Foto: Lusa

Pub

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here