PARA CUMPRIR TRADIÇÃO SECULAR Romeiros de S. Miguel na estrada a partir de 20 de Fevereiro

romeirosOs Romeiros de S. Miguel, que este ano são 2700 homens, começam a percorrer as estradas desta ilha dos Açores a 20 de Fevereiro, cumprindo uma tradição que remonta ao século XVI para pagar promessas ou simplesmente meditar.

“É uma tradição cada vez mais enraizada, há cada vez mais jovens a incorporar as romarias”, afirmou José Carvalho, mestre de romeiros do Rancho da Candelária

.

Estas romarias tiveram origem, segundo a tradição, com os terramotos e erupções vulcânicas ocorridas no século XVI, que arrasaram Vila Franca do Campo e causaram grande destruição na Ribeira Grande.

 

O Rancho da Candelária, que este ano leva 38 ‘irmãos’, integra o grupo dos primeiros a sair para a estrada, mas, até à Páscoa, serão 57 os ranchos (grupos) que vão percorrer as estradas de S. Miguel, num total de cerca de 2700 homens.

 

Estes romeiros, todos com xaile, lenço, saco para alimentos, bordão e terço, caminham durante uma semana, entoando cânticos ou rezando, todos os dias desde o nascer até ao por do Sol.

“A união é muito forte nesta altura. Além da preparação espiritual, é também precisa preparação física”, salientou José Carvalho, frisando que a chuva é um dos maiores problemas que afecta os romeiros, assim como “as bolhas que se formam nos pés”.

 

Para minimizar esta dificuldade, os romeiros vão contar este ano com o apoio da Cruz Vermelha Portuguesa, numa iniciativa inédita que envolverá 18 enfermeiras e três fisioterapeutas.

Num posto de assistência que funcionará nas imediações da Igreja Matriz de Ponta Delgada, estes voluntários, além de cuidados de enfermagem, vão também disponibilizar medicamentos que não necessitam de receita médica, como analgésicos e antipiréticos.

Os ranchos de romeiros, segundo o regulamento, são organizados por localidades e devem cumprir um percurso, sempre com mar pela esquerda, que passe pelo maior número possível de igrejas e ermidas de S. Miguel, sempre a rezar e a cantar.

A criação de um Rancho de Romeiros depende da aprovação do pároco, depois de ouvidos o Conselho Pastoral e o Grupo Coordenador dos Romeiros de S. Miguel.

A data da saída para a estrada é definida em conjugação com o grupo coordenador, impondo a tradição que os primeiros partam no fim-de-semana a seguir à Quarta-feira de Cinzas e os últimos regressem às suas localidades na Quinta Feira Santa.

Durante a semana em que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao por do Sol.

 

A importância desta tradição levou o governo açoriano a dispensar do serviço, “sem prejuízo de direitos ou regalias’, os trabalhadores da administração pública regional que participem nas Romarias Quaresmais, uma das principais manifestações de religiosidade popular em S. Miguel.

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