Parlamento açoriano chumba audição de deputados do PS sobre máscaras com defeito

O parlamento açoriano chumbou hoje, com 31 votos contra (PSD/CDS/PPM/Chega/IL/PAN) e 25 abstenções do PS, o pedido da Inspeção Regional de Saúde para ouvir dois deputados socialistas num processo de inquérito relacionado com máscaras de proteção com defeito.

O deputado independente Carlos Furtado foi o único a votar a favor do pedido de autorização para o ex-diretor regional de Saúde Tiago Lopes e o ex-presidente do Governo Regional açoriano Vasco Cordeiro, atuais deputados do PS, serem ouvidos por causa da polémica aquisição, em 2020, no mercado asiático, de máscaras de proteção contra a covid-19, que supostamente não cumpriam os requisitos técnicos exigidos.

A Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do parlamento dos Açores aprovou a audição por unanimidade, a 07 de outubro, mas hoje a maioria dos deputados alertou para a necessidade de separação de poderes, embora Vasco Cordeiro se tenha manifestado disponível para prestar declarações, anunciando que a bancada socialista ia abster-se, deixando a decisão nas mãos dos restantes deputados.

Carlos Furtado, eleito pelo Chega que, em julho, passou a deputado independente por ter perdido a confiança política do líder do partido, foi o único a considerar que “o pior julgamento é o da praça pública”.

“Acho que o que interessa, nomeadamente a Vasco Cordeiro, é que o assunto seja esclarecido o quanto antes”, justificou.

Votaram contra a autorização à prestação de declarações 21 deputados do PSD, três do CDS, dois do PPM, dois do BE, um do Chega, um da Iniciativa Liberal e um do PAN.

Em 2020, a Região Autónoma dos Açores desembolsou, através de um contrato por ajuste direto, pago em duas tranches, três milhões e 150 mil euros por aquele material de proteção hospitalar, que foi transportado de Xangai, na China, para Ponta Delgada, num voo extraordinário efetuado pela Azores Air Lines.

O executivo socialista de então, presidido por Vasco Cordeiro, confirmou, mais tarde, a existência de defeito no fabrico das máscaras e garantiu que o fornecedor iria substituí-las, mas isso não veio a ocorrer, pelo menos até à tomada de posse do novo executivo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), formado após as eleições legislativas de outubro de 2020.

De acordo com um documento a que a Lusa teve acesso, a Inspeção Regional de Saúde decidiu, entretanto, abrir um “processo disciplinar especial de inquérito”, destinado ao “apuramento de eventuais responsabilidades” relativamente à aquisição das máscaras tipo FFP/KN95.

Nesse âmbito, foi requerido ao parlamento que aqueles dois deputados do PS que, na altura dos factos tinham responsabilidades diretas neste negócio, prestassem esclarecimentos sobre esta matéria.

 

 

 

Lusa

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