O parlamento dos Açores aprovou esta terça-feira por unanimidade um projeto de resolução a repudiar a invasão da Ucrânia, a apelar à “retirada imediata das forças russas” daquele país e a manifestar a solidariedade da região para com os ucranianos.
O documento foi apresentado pelos grupos parlamentares do PS, PSD, CDS-PP, BE, PPM e pelas representações parlamentares do Chega, da Iniciativa Liberal e do PAN, contou também com o voto favorável do deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e abriu os trabalhos no plenário de março na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), que esta terça-feira começou na cidade da Horta, ilha do Faial.
Na resolução, a ALRAA “condena, nos termos mais veementes possíveis, a invasão da Ucrânia ordenada por Vladimir Putin” e “apela à imediata retirada das tropas russas de território ucraniano”.
Lido pelo presidente da ALRAA, Luís Garcia, o texto associa o parlamento a “todas as iniciativas que visem a paz” e “a todas as manifestações pela paz, não esquecendo as que têm lugar na Rússia”, manifestando solidariedade “com milhares de cidadãos russos detidos por esse motivo”.
A Assembleia salientou ainda “a importância de o Governo dos Açores avaliar e concretizar a solidariedade com a Ucrânia, nomeadamente através de bens de primeira necessidade e acolhimento a refugiados”.
O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, saudou a “iniciativa de resolução unânime, consensual e determinante” e destacou a importância de marcar “o combate contra a indiferença”.
“É preciso ser inequívoco no repúdio e condenação à guerra, aos fatores da guerra e àqueles que fazem da força a sua opção pelo domínio“, vincou o chefe do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM.
“Não pode ficar qualquer dúvida de que, pela indiferença, não nos importa o que acontece à distância”, afirmou.
Bolieiro deixou ainda um “apelo à paz” e de solidariedade para com a Ucrânia, fazendo lá “chegar bens de primeira necessidade” e “no acolhimento do movimento migratório dos refugiados“.
O líder da bancada do PS, Vasco Cordeiro, sublinhou que “não há guerras justas”, nem “agressões militares justificáveis”.
“Esta não é uma guerra entre povos. É uma guerra entre regime ditatorial contra um povo. Por isso nos revemos nos termos desta proposta, não esquecendo que há milhares de cidadãos russos que têm sido detidos porque se manifestam contra esta agressão militar“, afirmou. Vasco Cordeiro alertou ainda para os “perigos evidentes face a esta situação de guerra”.
“Mesmo que não arraste a Europa e mundo para um conflito armado, trará consequências económicas para todo o mundo. Será bom não ficarmos apenas pelas proclamações de solidariedade. É importante preservar este espírito solidário quando a crise afetar os que não estão diretamente envolvidos no conflito armado”, avisou.
João Bruto da Costa, líder da bancada do PSD, condenou “a grosseira violação do direito internacional que tem levado a inúmeras violações dos direitos humanos”. O deputado lamentou a “brutal e injustificada agressão” por parte de um “ditador que quer trazer para a Europa um passado que todos gostaríamos que não fosse realidade”. “É na dissuasão que os Açores têm de se afirmar, para além da capacidade de sermos solidários“, defendeu.
Catarina Cabeceiras, deputada do CDS-PP, censurou a “violação dos princípios básicos da dignidade humana”.
Por seu lado, António Lima, do BE, manifestou oposição à “violação imperialista”. “Não é possível ficar indiferente. Ao povo ucraniano a nossa total solidariedade. Nada pode justificar invasão de um país soberano. Só um cessar-fogo imediato é possível abrir caminho a paz duradoura. Caso contrário, a escalada militar imparável tornará as posições inconciliáveis”, afirmou.
Paulo Estêvão, do PPM, avisou também para “as consequências” do conflito na vida das populações, nomeadamente através do “aumento significativo dos preços“. “Existem consequências práticas que vão chegar a todas as populações. Também aos Açores. É necessário que essa determinação se mantenha, num espírito de justiça e solidariedade com a população ucraniana”, notou, manifestando não defender o envolvimento da NATO ou da União Europeia no conflito.
José Pacheco, deputado do Chega, manifestou “medo de que a democracia seja colocada em causa” e medo pelo “povo ucraniano mas também pelo povo russo, também a ser bombardeado na sua liberdade e democracia”. “Temos medo de não conseguir acudir. Liberdade nunca pode ser travada. Devemos dar daqui um grito ao mundo: a guerra nunca há de ser a forma de nos lembrar do que é justo”, disse.
Nuno Barata, da Iniciativa Liberal (IL), falou na “agressão gratuita de um ditador tirano contra um povo” que “merece a maior dimensão de repudio e condenação.
Pedro Neves, deputado do PAN, referiu-se a uma guerra “gerada com base em subterfúgios”, na qual as “várias explicações para justificar ataque assentam em incongruências”.
O deputado independente Carlos Furtado pediu que “não falte coragem para a defesa acérrima” do povo ucraniano “Devemos apontar o dedo não só ao país invasor, mas também aos países que se mantêm indiferentes“, referiu.
Lusa