Na sequência das notícias vindas a público nos últimos dias, sobre a participação do Resplendor do Senhor Santo Cristo na exposição “Esplendor e Glória” do Museu Nacional de Arte Antiga, a Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja, como órgão de assessoria técnico-científica do Bispo da Diocese, considerou hoje que “este convite por si só enaltece e distingue um bem patrimonial dos Açores, considerando-a uma oportunidade de divulgar o Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres, num contexto em que se reconhece a importância atual do turismo cultural e religioso e as novas formas de peregrinação”.
O comunicado vem no seguimento de ter sido autorizada recentemente a cedência temporária do resplendor pertencente ao Tesouro do Senhor Santo Cristo dos Milagres, para incorporar a exposição que irá decorrer entre Julho e Dezembro do corrente ano, não tendo esta decisão sido consensual com a Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres que defende que “não há garantias de segurança e de que a peça regresse aos Açores nas mesmas condições em que sairá”, uma vez que não existe um levantamento documentado da peça mais valiosa do tesouro do Santo Cristo, “peça por peça”, “minucioso”, que discrime o tipo de pedras que o compõem.
Sobre este ponto, a Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja esclarece que foram garantidas todas condições técnicas exigíveis em caso de empréstimo, nomeadamente: o tratamento documental da peça, estudo, descrição e inventário, já realizado pelo Professor Rui Galopim de Carvalho, como especialista em gemologia; a contratação de seguro contra todos os riscos, no valor da avaliação do bem (mantido em sigilo por questões de segurança), válido para o transporte e para todo o tempo de permanência; a celebração de um contrato de empréstimo contendo as cláusulas relativas aos vários requisitos exigidos; o acompanhamento do processo e do resplendor, por técnico especializado, com experiência em transporte de bens culturais e por um representante da Diocese.
O mesmo comunicado ressalva que em relação às condições de exposição, foi acautelada uma vitrina de alta segurança, com sistema de alarme próprio, e condições ambientais mantidas dentro dos limites definidos, bem como assegurado um sistema de vigilância vídeo, permanente, com gravação e acesso remoto, para além de vigilância presencial, por pessoal especializado.
A Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja entende assim que por parte da Diocese de Angra foram garantidos todos os requisitos que afiançam a segurança desta joia ressalvando que o Museu Nacional de Arte Antiga é o guardião de vários tesouros nacionais, de valor incalculável e é um museu de reputação internacional, que tem recebido peças de diversas instituições mundiais.
A notícia também não gerou consenso na população micaelense, encontrando-se já a circular na internet uma petição pública pedindo ao Bispo António de Sousa Braga, que reconsidere a sua iniciativa de enviar o Resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
O resplendor foi considerado, por especialistas da área, uma das 5 mais importantes obras de ourivesaria sacra portuguesa, realizadas entre 1756 e 1780. A exposição será constituída unicamente pelo Resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a Custódia da Patriarcal, a Custódia da Bemposta, a Venere das Cinco ordens de D. João V e o Resplendor do Senhor dos Passos da Graça.