O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, defendeu hoje que o partido não pode aparecer aos eleitores como querendo “ganhar eleições pelo privilégio do poder”, mas com uma estratégia que moralize os gastos públicos.
“O PSD não pode aparecer como o partido que quer ganhar eleições por vaidade de ser o primeiro ou pelo privilégio do poder. Temos que ter uma estratégia que traga moralidade na maneira como o dinheiro é gasto, que distribua sacrifícios, para que eles sirvam para que todo o país possa crescer”, afirmou o líder social democrata.
Passos Coelho, que falava em Ponta Delgada, nos Açores, numa sessão sobre a revisão do programa do partido, salientou que “as pessoas estão cansadas com o caminho dos últimos anos e querem mudar esse caminho”, acrescentando que “olham para o PSD e veem o partido que pode fazer essa mudança”.
Nesse sentido, defendeu a importância da revisão do programa do PSD, que deve ser “uma proposta para a mudança da sociedade a 15 ou 20 anos, não numa legislatura”, mas também para a importância da revisão constitucional.
Pedro Passos Coelho reafirmou que “não é verdade que o PSD queira acabar com o Estado social, com a escola pública ou com o Serviço Nacional de Saúde”, criticando ainda a “grande mistificação que se criou à volta do emprego”.
“A atual lei laboral tem disposições de despedimentos com justa causa que incluem o despedimento coletivo, por extinção do posto de trabalho ou por inadequação ao posto de trabalho. Isso é justa causa?”, questionou, assegurando que a proposta do PSD “protege o emprego, dá segurança e cria condições de verdade na Constituição”.
O PSD, segundo o seu líder, “quer reforçar o Estado social e os laços de coesão interna, captar investimento estrangeiro, dar garantias de que o sistema financeiro vai resistir”, mas também “aprofundar as autonomias”.
Nesse sentido, Passos Coelho afirmou ter “incentivado” o partido a avançar, nos Açores e na Madeira, com propostas próprias para a discussão sobre a revisão constitucional, assegurando que todas serão avaliadas, incluindo a questão da extinção do cargo de Representante da República.
“Se o PSD nos Açores e na Madeira conseguir consensos alargados nas assembleias legislativas regionais sobre esta matéria, teremos mais argumentos para chegar a uma solução mais satisfatória”, afirmou.
O reforço da autonomia regional foi o tema central da intervenção de Berta Cabral, presidente do PSD/Açores, que defendeu uma “autonomia ambiciosa e descomplexada”.