“Todos aqueles que se desloquem interilhas irão ter de fazer período de quarentena na ilha de chegada. No caso concreto de São Miguel, atendendo às cadeias de transmissão que nós temos neste momento e, sobretudo, a esta cadeia originária da Povoação e que se encontra ainda ativa, todos aqueles que saiam da ilha de São Miguel e se desloquem interilhas terão de fazer previamente um teste de diagnóstico por infeção pelo novo coronavírus”, revelou hoje o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional dos Açores.
Tiago Lopes falava no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de covid-19 no arquipélago, feito em Angra do Heroísmo, na Terceira.
Os passageiros que chegam de Lisboa às ilhas Terceira e São Miguel (as únicas duas com ligações ao exterior do arquipélago) já são obrigados a ficar em confinamento numa unidade hoteleira.
Desde o dia 19 de março, que a companhia aérea açoriana Sata Air Açores (a única que efetua ligações inter-ilhas) só transporta passageiros que tenham autorização da Autoridade de Saúde Regional.
Tiago Lopes justificou a implementação de medidas mais apertadas de controlo com a necessidade de evitar a propagação do novo coronavírus pelo arquipélago, já que existem três ilhas sem casos confirmados (Corvo, Flores e Santa Maria) e outras cinco (Terceira, Pico, Faial, São Jorge e Graciosa) sem novos casos positivos há vários dias ou semanas.
“Queremos por esta via assegurar que a estabilidade conseguida nas outras ilhas permaneça e evitemos a disseminação da infeção na região”, salientou.
A obrigação de quarentena será excecionada nos casos de deslocação por motivos de saúde, uma vez que muitos utentes são obrigados a deslocar-se a uma das três ilhas com hospital (Faial, Terceira e São Miguel) para terem consultas de especialidade ou tratamentos diferenciados.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional reiterou o apelo para que a população mantenha o isolamento social, frisando que o surto é “evolutivo”.
“Não podemos de maneira alguma considerar que pelo facto de nas ilhas da região, fora a ilha de São Miguel, não serem registados casos positivos há alguns dias ou semanas, está tudo bem. É um erro pensarmos que estamos em segurança, porque ainda falta muito tempo. O surto vai demorar mais algumas semanas”, sublinhou.
Os Açores detetaram já 100 casos positivos de covid-19, 88 dos quais mantêm-se ativos, tendo em conta que ocorreram quatro óbitos e oito recuperações.
São Miguel é a ilha com mais casos ativos (55), seguindo-se Pico (10), Terceira (sete), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (quatro).
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos, mais 31 do que no domingo (+6,2%), e 16.934 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 349 (+2,1%).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Lusa