De acordo com os relatórios de contas das três unidades de saúde, relativos a 2011, entregues recentemente no parlamento regional, o passivo do Hospital do Espírito Santo, em Ponta Delgada, ascendia a 180 milhões de euros, enquanto o do Hospital de Angra rondava os 116 milhões de euros e o da Horta 74 milhões.
O volume crescente das dívidas das três unidades de saúde deve-se, no entender de Margarida França, na altura presidente do Conselho de Administração do Hospital de Ponta Delgada, à “persistência do problema de subfinanciamento” do setor.
Segundo escreve a administradora do hospital no relatório de contas de 2011, este problema tem obrigado as unidades de saúde a um “recurso excessivo ao crédito bancário” e à “acumulação de dívidas a fornecedores”.
Naquele ano, os três hospitais açorianos deram um prejuízo superior a 86 milhões de euros (11 milhões na Horta, 28 em Angra e 47 em Ponta Delgada), registando gastos superiores às transferências do Orçamento Regional.
As administrações hospitalares consideram que esses resultados não se devem a uma eventual má gestão.
Conceição Nascimento, presidente do Conselho de Administração do Hospital da Horta, escreve no relatório que em 2010 o Governo Regional decidiu anular as faturas em dívida relativas a serviços prestados pelo Serviço Nacional de Saúde aos doentes açorianos. Uma medida excecional, que permitiu diminuir as despesas dos hospitais regionais em 2010, mas que não se repetiu em 2011, acabando por agravar os resultados financeiros desse ano.
Isto, apesar de os três hospitais terem conseguido registar melhores resultados operacionais em 2011, face aos anos anteriores, devido à diminuição das despesas com vencimentos e horas extraordinárias.
Só que os “resultados financeiros e extraordinários” negativos acabaram por abafar o esforço das administrações hospitalares, considera Conceição Nascimento, referindo que aquelas “rubricas não traduzem a corrente atividade do hospital” e estão, em grande parte, fora das “competências e da gestão” dos administradores.
Os três hospitais empregam quase 2.900 funcionários, entre médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes técnicos e assistentes operacionais, divididos da seguinte forma: 1.500 em Ponta Delgada, 910 em Angra e 482 na Horta.
Lusa