Pedro Passos Coelho insistiu nesta quarta-feira que Portugal não tem outro caminho para sair da crise senão seguir com a austeridade e admitiu avançar com medidas adicionais para o país cumprir a meta do défice em 2012.
Embora diga que o cenário não está em cima da mesa, o primeiro-ministro não fechou a porta a essa possibilidade. “Claro que nós podemos adoptar novas medidas”, reconheceu, em entrevista à SIC, admitindo que o orçamento do próximo ano – que definiu como o “mais difícil” da história moderna de Portugal – deixará o país em recessão. Mais do que o recuo económico de 3% estimado pelo Governo? “Inevitavelmente vai trazer alguma recessão”, respondeu.
Questionado sobre a hipótese de apresentar um orçamento rectificativo, Passos foi vago na resposta, contrapondo apenas que utilizará “todos os mecanismos” para uma boa execução do OE. Para que as empresas possam continuar a financiar-se, o Governo está ainda a discutir com a troika “alguma flexibilização”, mas isso, frisou, não significa necessariamente mais dinheiro a pedir à União Europeia e ao FMI.
Questionado sobre se o Governo português está preparado para um eventual desmembramento do euro, Passos afirmou: “Temos de estar preparados para todas as eventualidades”. Mas sublinhou que o executivo está empenhado em defender a moeda única e que uma eventual implosão do euro significaria uma catástrofe para a União Europeia.
Sobre as posições que tem assumido quanto à resposta europeia à crise da dívida, nomeadamente a sua oposição à ideia da Comissão Europeia de criar obrigações europeias, o primeiro-ministro respondeu com a necessidade de os 17 países do euro equilibrarem as contas públicas. “Sobre isto não há uma segunda opinião ou divergência na Europa”, afirmou.
Confrontado com divergências em declarações públicas entre responsáveis do Governo e críticas dentro do PSD, rebateu que não tem medo “de quaisquer fantasmas internos”. E rejeitou um cenário de remodelação governamental, ao contrapor que a “forma de funcionar [dentro do executivo é] extremamente produtiva e leal”.
Questionado sobre divergências de opinião com o Presidente da República, limitou-se a comentar indirectamente que os alertas que Cavaco lançou sobre a falta de equidade social na repartição de sacrifícios resultam de “leitura diferente”.
in Publico