A Distância que nos uniu é o primeiro livro da jovem jornalista Patrícia Carreiro. Foi lançado no passado mês de Novembro, pelas Edições Macaronésia, em Ponta Delgada. A apresentação esteve a cargo da jornalista da RDP – Açores, Margarida Pereira.
O romance, A distância que nos uniu, pode ser comprado nos Açores, na Madeira, em Cabo Verde e em Portugal Continental.
Patrícia Carreiro tem 23 anos e é formada em Comunicação Social e Cultura pela Universidade dos Açores. Desempenhou funções no jornal semanário “Expresso das Nove” e no “Jornal Diário.com”. É colaboradora do jornal mensal “As Flores” e do Tribuna das Ilhas.
Maria José Silva – O que versa A Distância que nos Uniu?
Patricia Carreiro – A Distância que nos Uniu narra a história de um casal de jovens estudantes que, como todos os casais, se conhecessem por acaso.
Porém, este amor sofre muitas peripécias e sobressaltos no seu percurso. Vive altos e baixos, mas sempre com o mesmo objectivo: encontrar uma forma de superar a distância.
O livro tem como personagens principais a jovem Inês e o Tomás. Ao longo da história, outras personagens, como Maria Leonor, entram na acção para piorar o cenário ou para torná-lo mais complicado.
Todo este trama é narrado por Inês à sua filha, Matilde, com o objectivo de mostrar o poder do amor e a sua capacidade de união.
A principal mensagem que quero transmitir com este livro é que a distância só separa aquilo que o Homem não quer unir, ou seja, por mais barreiras que tenhamos no percurso da nossa vida, se quisermos muito alguma coisa, de certo que vamos conseguir. É a persistência que faz a nossa vida tomar outro rumo.
MJS – Como surgiu a ideia e a vontade de escrever um livro?
P.C. – Eu sempre gostei muito de ler e de escrever. Escrevia desde há muito tempo pequenos textos, mas nada de relevante. Então, num simples dia, por conselho de uma amiga, comecei a escrever este romance. Isto aconteceu em 2005, quando tinha cerca de 20 anos. É claro que escrevi mais por ‘desporto’, sem pensar que pudesse ser possível um dia lançar um livro, apesar de ser um grande sonho.
No fundo, pensava que editar não fosse assim tão fácil, muito menos nos Açores.
Volvidos alguns anos, a vontade de editar um livro cresceu e foi então que contactei as Edições Macaronésia.
A resposta foi quase imediata. Entreguei o livro à editora para ser avaliado e depois de uma avaliação do mesmo, as Edições Macaronésia aceitaram o meu livro.
A fase seguinte cingiu-se à procura de patrocínios para a impressão da obra. Estes vieram do Governo Regional e da Junta de Freguesia de Covoada, terra que me viu nascer. Aproveito para agradecer os apoios dados, sem os quais este sonho não seria possível.
Pedi apoios a muitas entidades. Porém, de quase todas recebi uma resposta menos positiva, por falta de verba para apoiar projectos desta natureza. Também me aconteceu não receber sequer resposta de algumas entidades, mas, no meu entender, isso só revela a falta de vontade de investir nos talentos açorianos.
Seguidamente, começamos a tratar da capa do livro. Nesta fase tive a sorte de ter a ajuda do Manuel Silva, um fotógrafo amador muito promissor. As fotos são de São Miguel, o que facilita a ligação entre o livro e os leitores açorianos. Espero que, por este motivo e por outros, as pessoas sintam a cumplicidade suficiente com a minha obra para poder lê-la.
Agradeço ainda a toda a minha família, que sempre me apoiou na idealização do meu projecto. Agradeço ao meu pai, Samuel Carreiro, à minha mãe, Fátima Carreiro, ao meu irmão, Henrique Carreiro, e à minha avó, Fernanda Cabral. Agradeço ainda à minha irmã, Cláudia Carreiro, que sempre foi, e será, a minha revisora pessoal. Ela sempre me ajudou na minha escrita e desta vez não foi excepção. Leu o livro e deu a sua opinião sobre o bom e sobre o menos bom, para que eu pudesse melhorar a minha primeira obra. Obrigada irmã.
Mas é claro que não tive apenas o apoio da minha família. Agradeço ainda a alguns amigos que, apesar da distância, sempre se uniram comigo neste projecto. Agradeço à Berta Correia, à Ana Fialho, à Tânia Silva, à Carolina Carreiro, à Ana Rita Neves, ao Jorge Cordeiro e a todas as pessoas que acreditaram em mim, que foram muitas.
Ao professor Machado Pires aqui fica uma palavra de carinho pela frase escrita na contracapa do livro, a qual teve tanto significado para mim.
Logicamente, agradeço às Edições Macaronésia por me terem apoiado neste projecto e por terem acreditado em mim.
MJS – Como jornalista, esta obra retrata alguma da sua experiência ou é ficção?
P.C. – Acho que na maioria das vezes, os escritores baseiam-se em pequenos factos da sua vida para começar um romance. Este livro contém factos verídicos, mas a maioria da narrativa baseia-se na ficção, no imaginário e no enredo.
Aproveito para dizer que acho que é muito mais favorável basearmo-nos em factos reais, em histórias que nos rodeiam, para escrever romances. E digo isto porque assim, o leitor sentir-se-á muito mais familiarizado com a história do que com alguma narrativa que seja totalmente ficcional.
Quanto mais reais formos nos nossos livros, mais vontade o leitor terá de ler o nosso trabalho.
MJS – É o primeiro de muitos?
P.C. – Espero que seja. Já tenho mais dois escritos e estou a trabalhar no quarto.
O segundo foi escrito em 2008, com o qual concorri para a edição deste ano do LabJovem, e o terceiro ficou pronto este ano.
Com este, Os Limites do Coração, concorri ao Prémio Gaspar Fructuoso, da Câmara Municipal da Ribeira Grande. Tenho o prazer de dizer que fiquei entre os seis finalistas que irão disputar este prémio, situação que me honra muito e que me deixa muito satisfeita com o meu trabalho.
Escrevo, porque para mim a escrita é quase uma terapia e pretendo manter este hábito por muito tempo.
Sinto-me livre enquanto escrevo e isto porque posso criar mundos só meus, que mais tarde serão partilhados com os meus leitores.
Escrever é mais que uma arte: é uma forma de vida.
MJS – Como correu a apresentação?
P.C. – A apresentação do livro decorreu no dia 20 de Novembro, no Edifício dos CTT, em Ponta Delgada. O evento foi extraordinário. Correu tudo como imaginei. O discurso da Margarida foi completamente envolvente e aliciante. Até eu própria que, logicamente, já li o livro imensas vezes, senti vontade de o devorar novamente. Escolhi a pessoa certa para a ocasião.
Senti-me realizada e, claro, um pouco emocionada. Na plateia estavam as pessoas que mais gosto, o que facilitou o discurso, apesar dos nervos iniciais. Foi um momento único que, com certeza, marcou a minha vida.
Sempre sonhei com este dia e, agora que ele chegou, parece mentira.
MJS – Como foi escolhido o título?
P.C. – Esse é um pormenor que não sei narrar muito bem. Sei que o título foi uma das primeiras coisas que defini neste projecto. Toda a essência do livro já estava mais ou menos traçada desde o início, por isso foi mais fácil encontrar o título. Acho que é um título empolgante e até um pouco “poético”, como me disse uma pessoa muito querida quando lhe pedi para ler a obra. É um espelho completamente transparente da narrativa que faço neste primeiro livro e espero que seja um caminho para as pessoas verem a distância como um factor de união e não de separação.
Maria José Silva