O deputado do PSD/Açores na Assembleia da República Paulo Moniz alertou hoje para os riscos da perda do único navio reabastecedor da Marinha, lembrando o “papel fundamental” que a embarcação ‘Bérrio’ desempenhou no auxílio à população da ilha das Flores após a passagem do furacão Lorenzo.
O parlamentar social-democrata, que participou através de videoconferência na Comissão de Defesa Nacional, questionou o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante Mendes Calado, sobre o abate antecipado do navio ‘Bérrio’, salientando que a capacidade operacional da Marinha fica prejudicada, nomeadamente em operações de proteção civil.
“Sem um navio reabastecedor, a capacidade de projeção da Marinha fica seriamente limitada, dado que não será possível dar apoio a navios a longas distâncias no mar. Sem o ‘Bérrio’ não teria sido possível o excelente trabalho que a Marinha no apoio à população das Flores em outubro passado”, disse.
Segundo Paulo Moniz, o facto da reparação do ‘Bérrio’ ser considerada inviável obriga a que esta situação seja acautelada numa revisão da Lei de Programação Militar, que só prevê, na sua versão atual, a aquisição de um novo navio reabastecedor em 2027.
A este propósito, o CEMA afirmou que a aquisição de um navio reabastecedor pode eventualmente ser antecipada para 2025.
O deputado do PSD/Açores questionou também o CEMA sobre a construção de novos navios de patrulha oceânicos, prometida pelo Governo da República, cujo concurso continua por lançar.
“Tendo em conta o processo em curso de extensão da Plataforma Continental, a Zona Económica Exclusiva dos Açores (ZEE), que tem atualmente cerca de um milhão de quilómetros quadrados, vai ficar, por exemplo, maior que a do Brasil. Mas a sua fiscalização continua a ser apenas feita com uma unidade naval da Marinha”, lembrou.
Paulo Moniz questionou o Almirante Mendes Calado sobre o processo, nomeadamente para saber quantos dos novos seis navios de patrulha oceânicos a construir se destinam ao patrulhamento da ZEE dos Açores.
Na resposta, o CEMA adiantou que o processo relativo ao concurso para a construção dos novos navios de patrulha oceânicos é da inteira responsabilidade do Ministro da Defesa.
Recorde-se que, em janeiro, o deputado social-democrata já tinha questionado o Ministro da Defesa sobre a construção dos novos navios de patrulha oceânicos, mas na altura o governante não respondeu à pergunta e remeteu o assunto para a Marinha.