O deputado do PCP à Assembleia Legislativa dos Açores, Aníbal Pires, defendeu hoje que a SATA e a EDA não devem ser privatizadas, na sequência de um encontro com a comissão de trabalhadores da elétrica açoriana.
“Setores como os transportes, a energia e a água são essenciais que estejam no domínio público, o que não significa que não haja atividade privada, designadamente nos transportes”, concretiza o deputado e líder do PCP nos Açores.
Aníbal Pires reiterou que o setor da energia deve ser do “domínio público”, daí ser contra a privatização da EDA-Empresa de Eletricidade dos Açores.
“Quando se procedeu a parte da alienação do capital social da EDA, que passou para o domínio privado, manifestámos a nossa discordância. Hoje, quando começam a pairar dúvidas sobre as reais intenções do Governo dos Açores sobre a sua privatização, a nossa posição de princípio é claramente contra”, declarou.
O parlamentar do PCP considera que a eventual privatização da elétrica açoriana “não corresponderia certamente” à redução do tarifário nem ao “aumento de qualidade do serviço”.
Aníbal Pires acrescentou que não ficou tranquilo com as palavras do Governo dos Açores e do PS que apontam a privatização da EDA como um “não assunto”. Daí que o PCP queira ouvir, para além da Comissão de Trabalhadores, as estruturas sindicais, Governo dos Açores e, eventualmente, o Conselho de Administração da EDA em sede de comissão parlamentar.
“Esta questão tem de ser debatida no espaço público regional. É demasiado importante para se limitar aos corredores da política e tem de ser discutida pelos açorianos e pelas açorianas porque lhes diz respeito”, afirmou.
Aníbal Pires considerou que tem havido um “aumento exagerado” do tarifário elétrico numa altura em que a EDA apresenta resultados positivos “significativos” que têm beneficiado os acionistas.
O deputado do PCP lembra o que aconteceu com a privatização do BCA-Banco Comercial dos Açores (absorvido pelo Banif) que agora seria um “instrumento financeiro” importante e que hoje “já nem os impostos paga” na região.
António Melo, da comissão de trabalhadores da elétrica, manifestou a sua “insatisfação” com o Governo dos Açores e o PS em relação à eventual privatização da EDA.
“Queremos estabilidade na empresa, que existe de duas formas: sim, vamos privatizar, ou não, não vamos privatizar no nosso mandato. Esta resposta de que privatização da EDA é um não assunto vai criar estabilidade aos trabalhadores e, principalmente, aos açorianos”, declarou.
O dirigente da comissão de trabalhadores da EDA considera um “erro estratégico” para os Açores a privatização da empresa”.
“Se é um não assunto hoje, amanhã pode ser um assunto. Como tal, queremos que isso fique clarificado e o sítio certo era a Assembleia dos Açores”, refere António Melo, que considera que foi um “erro estratégico” a privatização do BCA e aponta que a Global EDA está “tecnicamente falida”.
Lusa