“A obscuridade da certificação dos dois navios deixa muitas dúvidas”, afirmou Manuel Costa numa conferência de imprensa na sede do partido.
As maiores críticas foram dirigidas ao Express Santorini, que está a navegar no arquipélago desde o início de maio, tendo o líder do PDA denunciado que o navio “tem 36 anos e, como tal, já devia ter sido abatido”.
“Tenho informação oficial, segundo a qual o navio foi construído em 1974”, afirmou, acrescentando que a legislação europeia não permite que um navio com esta idade continue a navegar.
“Não sei qual a companhia de seguros que segura este navio mas, se houver um acidente, não há nenhuma seguradora que se responsabilize quando verificar que o navio já devia ter sido abatido”, frisou.
Ainda sobre este navio, o líder do PDA revelou que “emite um nível de enxofre superior ao permitido por lei”.
Relativamente ao ‘Hellenic Wind’, um barco de alta velocidade que inicia a operação na segunda feira, Manuel Costa afirmou desconhecer “quem certificou o navio para navegar com ondas até cinco metros, quando ele só pode navegar com ondulação máxima de três metros”.
O presidente do PDA criticou ainda a “obsessão” das autoridades regionais pela alta velocidade, considerando que a velocidade atingida por este navio nas águas açorianas “é igual à que atingia o Anticiclone”, navio construído pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e rejeitado pelo governo dos Açores por não cumprir os requisitos contratuais nesta matéria.
Manuel Costa defendeu que o Anticiclone “é um navio feito à medida dos Açores”, pelo que propôs que o executivo regional e os estaleiros nortenhos se entendam, de forma a que ele venha para o arquipélago.
“Deviam renegociar o negócio”, defendeu o presidente do PDA, que questionou o acordo extrajudicial celebrado no final do ano passado para acabar com o diferendo relacionado entre os estaleiros de Viana do Castelo e as autoridades regiões.
Para Manuel Costa, “um acordo extrajudicial quando se fala em milhões é muito estranho”, acusando o governo regional de ter “deixado cair uma indemnização de 11,5 milhões de euros para receber apenas 2,7 milhões”.
“A indemnização seria de 11,5 milhões de euros segundo decidiu o Tribunal de Contas mas o governo aceitou apenas 2,7 milhões de euros”, afirmou.
Nas suas contas, este valor é o saldo entre os 40 milhões que os estaleiros pagaram e os 37,3 milhões que os Açores já tinham entregue para a construção dos dois navios.
As críticas do PDA abrangeram também o concurso internacional que permitiu escolher os dois navios para a operação deste ano, que considerou ser “obscuro”.
“Há aqui uma teia que é preciso desmascarar”, afirmou, admitindo apresentar uma queixa no Ministério Público “para que averigue a construção e a rejeição” do Atlântida e do Anticiclone e o “processo de fretamento” dos navios que estão a operar este ano”.