O presidente do Governo Regional dos Açores disse hoje que há aspetos relativos à base das Lajes, na ilha Terceira, onde está em curso a redução da presença norte-americana, que ainda exigem “muito trabalho”.
“Há, ainda, aspetos que exigem muito trabalho e que não estão num ponto que o Governo Regional considere satisfatório”, afirmou Vasco Cordeiro, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, ao chegar de Washington, onde participou na sexta-feira na 35.ª reunião da comissão bilateral permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América (EUA).
Para o chefe do executivo açoriano, as questões relativas à economia da ilha Terceira, onde está instalada a base, continuam “a inspirar muita preocupação”, salientando que, apesar de haver um “conjunto de medidas” dos municípios e dos governos regional e nacional, é uma situação “merecedora de muita atenção e de muito cuidado”.
Quanto à componente ambiental, Vasco Cordeiro reconheceu igualmente que necessita de “muito trabalho” para chegar a “um nível satisfatório”.
“Não podemos chegar a uma situação em que a pressão ambiental que resulta da presença das forças norte-americanas nas Lajes se traduza num dano ambiental efetivo para a ilha Terceira, porque será também um dano ambiental para toda a região”, sustentou.
Segundo o governante, desde a última reunião extraordinária da comissão bilateral permanente, em junho de 2015, “há um conjunto de passos que foram dados”, como a constituição de um grupo de especialistas ou a facultação de informação, mas ressalvou que o executivo açoriano não as considera suficientes, pois é necessário que “esse trabalho se traduza, também, em resultados práticos”.
Questionado sobre se considera que os EUA estão a protelar a questão ambiental, Vasco Cordeiro respondeu existirem matérias que os Açores gostariam que “fossem tratadas de forma mais rápida”.
Para Vasco Cordeiro, a reunião “correu bem” e, “em relação a matérias que eram prioritárias para a região, permitiu fechar esses assuntos numa boa perspetiva”, destacando, a situação dos trabalhadores portugueses na base das Lajes, “com uma garantia de que o processo que já está em curso não levará a despedimentos puros e simples”, mas “todas as cessações de contrato de trabalho são por mútuo acordo”.
“Corresponde, no fundo, a uma garantia também daqueles que são os interesses dos trabalhadores”, adiantou, realçando, ainda, a previsão de contratação de 70 novos trabalhadores para a infraestrutura militar.
Sobre o radar meteorológico, o único da região, localizado na base e propriedade norte-americana, Vasco Cordeiro informou que “há boas perspetivas quanto à passagem, mesmo que temporária, para a tutela do Governo da República”.
Na sequência do anúncio, a 08 de janeiro de 2015, da redução da presença norte-americana nas Lajes, os Açores apresentaram um plano de revitalização económica da Terceira no qual pedem ao Governo nacional que assegure junto dos EUA 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, para a ilha.
Mais de metade dessa verba – 100 milhões de euros anuais – tem como destino a “reconversão e limpeza ambiental” de infraestruturas e terrenos construídos e ocupados pelos Estados Unidos ao longo dos mais de 60 anos, alguns deles com problemas já diagnosticados de contaminação.
Atualmente, a base das Lajes emprega diretamente 365 trabalhadores portugueses, número que era de 800 no início de 2015, quando começou o processo de redução da presença norte-americana.
Lusa