O piloto do avião em que viajava a equipa brasileira Chapecoense reportou à torre de controle do aeroporto de Medellín, na Colômbia, uma “falha elétrica total” e falta de combustível antes de o avião cair.
“Senhorita, 2.933 está em falha total, falha elétrica total e sem combustível”, disse o piloto Miguel Quiroga, da companhia boliviana Lamia, segundo uma gravação divulgada hoje.
A controladora aérea respondeu: “Pista livre e esperando chuva sobre a superfície Lamia 933, bombeiros alertados”.
Pouco antes, o piloto tinha solicitado “prioridade para a aproximação”.
Na gravação, Miguel Quiroga pediu várias vezes para lhe indicarem “vetores na pista”, ou seja, orientações para aproximar-se o mais rápido possível do aeroporto.
No início da gravação ouve-se que a controladora do turno estava a dar prioridade a outro aparelho da empresa Viva Colombia, que tinha um problema por “uma fuga”.
Quando o piloto da aeronave da Lamia a informou da gravidade da sua situação, a controladora desviou outros dois aviões comerciais que estavam a aproximar-se do aeroporto, para que o avião em que seguia a equipa da Chapecoense pudesse aterrar.
Pilotos colombianos que voavam para Medellín àquela hora e que escutaram nas suas frequências de rádio a conversa relataram que, efetivamente, o piloto da Lamia informou a torre de problemas elétricos e de combustível.
Pouco antes de perder o contacto, a controladora disse-lhe que o avião não tinha a altitude necessária, respondendo o piloto que se encontrava a 9.000 pés (quase três mil metros).
Segundo peritos consultados por vários meios de informação colombianos, essa altitude é insuficiente para passar o Cerro Gordo, perto do aeroporto e contra o qual o avião colidiu, a apenas 17 quilómetros da pista.
A bordo do avião seguiam 77 pessoas, entre passageiros e tripulantes, e 71 morreram no acidente. No voo seguiam 22 jornalistas, dos quais apenas um sobreviveu.
Entre os seis sobreviventes, dois jogadores da Chapecoense permanecem em estado crítico, mas estável, indicou hoje um relatório médico.
O clube do Estado de Santa Catarina ia disputar a primeira mão da final da Taça Sul-Americana com os colombianos do Atlético Nacional.
O avião tinha saído do aeroporto Viru Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde aparentemente tinha realizado uma escala técnica.
Lusa