A Pobreza e Exclusão Social nos Açores esteve esta terça-feira em discussão no Parlamento Regional, com o CDS/PP a questionar o Executivo sobre os atuais indicadores de pobreza, “que se mantêm, apesar de tudo, ainda tão próximos dos relativos aos anos finais de 1990”, alegando que “as medidas tomadas, enfatizadas e repetidas não têm sido suficientes para afastar o espectro de uma pobreza que que apresenta crónica, estrutural e intergeracional, como aliás o é em todo o país”.
Numa interpelação digerida ao Governo Regional, o CDS/PP defendeu que, “as estatísticas e os números valem o que valem”, mas não são as pessoas reais nem as suas vidas. “Não obstante, na leitura possível dessas pessoas e das suas vidas, os dados são maus e nem são inesperados”, anuiu a deputada Rute Gregório, na sua visão do atual “mar de pobreza que faz das ilhas o lugar de maior risco”, referindo-se “aos dados mais recentes que conhecemos … e que continuam a atribuir ao arquipélago o último lugar, agora na mais evoluída e chamada taxa de risco de pobreza”.
No entanto, para o PS, descrever os Açores como uma Região pobre é desvalorizar todos os progressos que já foram alcançados.
“Temos um problema de pobreza localizada que enfrentamos destemidamente”, garantiu Renata Correia Botelho, recusando a imagem dos Açores como uma “Região pobre”, que alguma oposição tentou fazer passar.
A deputada do Grupo Parlamentar do PS/Açores realçou que há “focos de pobreza muito claros”, mas que para além de uma pobreza localizada, há problemas resultantes dos baixos salários que são praticados em alguns setores de atividade como o turismo e as pescas, por causa da chamada economia informal, deixando um alerta: “É preciso fazer um apelo ao patronato – o problema não pode ser só resolvido pelo Governo Regional -, é absolutamente abusivo achar que o Governo Regional tem nas mãos a resolução de matérias que passam pelos patrões”.
Também a responsável pela pasta da Solidariedade Social salientou a evolução que se tem sentido na Região nos últimos anos, através de indicadores como o da esperança média de vida à nascença, reforçado nos últimos cinco anos em mais um ano e meio de vida, ou a proporção de trabalhadores que auferem rendimentos mais baixos, que diminuiu desde 2017 de 28 para 21 por cento., referindo que cerca de 80% das ações previstas no Plano de Ação 2018-2019 da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social já estão no terreno, relembrando que se trata de um “processo longo, exigente e de muita persistência, que não se compadece com imediatismos”.
Andreia Cardoso, durante a interpelação apresentada pelo CDS/PP, frisou que medidas destinadas à promoção do desenvolvimento das crianças e jovens não têm impactos imediatos nos indicadores da pobreza.
O debate aqueceu porém, com o deputado João Bruto da Costa a acusar o Governo de se alimentar da pobreza e da desigualdade social para ganhar eleições.
“O poder socialista açoriano, almeja sempre encontrar, em cada campanha eleitora, um açoriano de mão estendida, para poder cobrar um voto, em troca de um apoio, de um subsídio, de um favor, ou de uma benesse”, disse o deputado do Partido Social Democrata, merecendo com protesto de Berto Messias, que disse não “admitir esse tipo de afirmação, quer no Parlamento, quer seja onde for. No debate político não vale tudo”, defendeu o Secretário Regional Adjunto da Presidência para os Assuntos Parlamentares. “O PSD, como qualquer partido aqui representado podem dizer o que bem entendem do ponto de vista politico e partidário, no âmbito daquela que é a vossa apreciação sobre o fenómeno da pobreza, mas não é aceitável, é leviano e abusivo, afirmar que o Governo ou o partido Socialista se alimentam das desigualdades e da pobreza para se perpetuarem no poder. A realidade todos os dias motras que isso não corresponde á verdade, afirmou Berto Messias.
O diagnóstico apresentado pelo CDS/PP sobre a situação de pobreza no arquipélago, recordou que os dados mais recentes continuam a atribuir à Região o último lugar, com uma percentagem de 31,5% face aos 17,3% da média nacional, na taxa de risco de pobreza. Para os democratas-cristãos, “31,5%, o pior resultado do país, é o triste número que nos marca nas estimativas de representação da pobreza nas regiões portuguesas; é o número que nos diz que, praticamente, 1 entre 3 açorianos (33%) vive em situações de inequívoca privação”.
SM /Açores 24Horas