O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada afirmou, esta quinta-feira, na abertura das comemorações da Restauração da Independência (1640), estar orgulhoso por celebrar uma data tão importante como esta e pelo facto do Município relembrar a história da coragem do povo.
Na iniciativa da autarquia, organizada em parceria com a Delegação dos Açores da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP) e com o Comando Operacional dos Açores, José Manuel Bolieiro saudou a reposição do mais antigo feriado português, afirmando que o mesmo “é um elemento importante do respeito pela nossa História”.
Expressando gratidão a Eduardo Ferraz da Rosa, responsável pela SHIP nos Açores, que incentivou a autarquia para avançar com a celebração desta importante data da História de Portugal, José Manuel Bolieiro sublinhou “o brilho” do povo português e o facto das comemorações da Independência de Portugal em Ponta Delgada “trazerem ao presente uma parte da História que nos orgulha”.
“Não podemos desconsiderar o nosso passado para não comprometermos o futuro. Temos de celebrar a nossa História. É um orgulho para a Câmara de Ponta Delgada celebrar, com tão distintas autoridades civis e militares, a nossa História. Parabéns a todos nós enquanto povo” – disse.
Eduardo Ferraz da Rosa, para quem o feriado do Dia da Independência de Portugal nunca deveria ter sido suspenso, sustentou que, comemorar hoje a Independência de Portugal é um ato de memória, associado aos tempos perigosos em que vivemos e evidenciou o papel estratégico e importante dos Açores na Independência de Portugal, que naquela época se encontrava sob o domínio filipino.
“As Alterações de Évora em 1637 poderiam ter sido mais um dos motins comuns na época, “sem nenhum inconveniente”, como os definia o rei Filipe IV, mas a complexidade da situação política em que se inscreveram e que elas mesmo criaram transformaram-na num acontecimento invulgar que se tornou “o fausto e elegante prelúdio da redenção lusitana”, nas palavras de D. Francisco Manuel de Melo”, destacou o conferencista convidado, Eduardo Cintra Torres, sobre “A multidão das Alterações de Évora na origem da Restauração”.
Cintra Torres averiguou “o papel das Alterações de Évora enquanto movimento social, e em especial o significado da sua multidão. Foi, afinal, um motim com muito inconveniente, que manteve o poder popular em Évora durante meses e que motivou complexas intrigas e ações políticas na cidade, em Vila Viçosa, em Lisboa, em Madrid, envolvendo as elites em ambos os países, e que teve repercussões numa Europa em conflitos armados.”
“O levantamento popular contra um aumento de impostos tornou-se, apesar do seu previsível desfecho, o símbolo da disposição do povo para se opor à dominação castelhana e uma indicação de que o clero e a nobreza, incluindo o próprio Duque de Bragança, estavam disponíveis para pôr termo à dominação estrangeira.” – afirmou.
No final da cerimónia, o Representante da República para os Açores, Pedro Catarino, expressou que “a nossa História está repleta de exemplos e acontecimentos valorosos como o que hoje celebramos, demonstrando bem o querer e a bravura dos nossos antepassados”.
As comemorações da Restauração da Independência no Município de Ponta Delgada, tiveram início com a atuação da Banda Militar dos Açores, que executou os hinos para o hastear de bandeiras.