Um estudo desenvolvido nas freguesias urbanas de Ponta Delgada, nos Açores, revela que dos 303 sem-abrigo inquiridos 114 não tinham “teto” e 183 estão sem casa, havendo 76 pessoas há 10 ou mais anos na rua.
De acordo com o estudo desenvolvido pelos serviços sociais da Câmara Municipal de Ponta Delgada, iniciado em dezembro de 2023 e concluído em 05 de janeiro, seis dos 303 inquiridos não responderam sobre a situação em que se encontram.
Do total dos 303 inquiridos, 85 tinham entre 46 e 65 anos.
O estudo, divulgado hoje no âmbito da assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de Ponta Delgada e instituições de solidariedade social, revela ainda que dos 303 inquiridos, 236 são homens, sendo que 76 pessoas estão há 10 anos ou mais na rua.
Ainda segundo o estudo, houve um “aumento significativo dos sem teto e sem abrigo” de 2016 a 2023, tendo-se registado 39 novos casos no terceiro trimestre do ano passado.
Do total de inquiridos, 136 estavam desempregados há cinco ou mais anos.
Relativamente aos locais de pernoita, os inquiridos indicaram pensões e quartos suportados pela Segurança Social (132), a rua (108) e centros de alojamento (103). Alguns sem-abrigo indicaram mais do que um destes locais.
De acordo com estudo do município, a “grande maioria” consome drogas sintéticas, a par de álcool.
O estudo indica ainda que 37% dos sem-abrigo não tem qualquer suporte familiar, sendo que 271 são apoiados por instituições.
Na cerimónia de apresentação do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo, a vereadora responsável pela Ação Social da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Cristina Tavares, referiu que a iniciativa nasce da necessidade de planear a intervenção junto do sem-abrigo”, que se encontra em “elevada vulnerabilidade” e “numa situação de pobreza extrema”.
De acordo Cristina Tavares, o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Ponta Delgada tem como “objetivo único, através de reuniões periódicas, auscultar e promover sinergias dentro daquilo que é a capacidade específica de cada um dos parceiros” nesta problemática.
“As palavras-chave fundamentais são articulação e cooperação”, visando “garantir melhores condições de vida a nível da habitação, saúde, ocupação, bem-estar, projeto individual para o sem-abrigo”, declarou Cristina Tavares.
Cristina Tavares considerou que outra das metas do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Ponta Delgada é “dar a conhecer à comunidade” este problema social de “um ser humano com direitos”.
A autarca ressalvou, contudo, que o município não se pretende substituir ao Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) na temática dos sem-abrigo, mas sim “dar uma resposta local”.
São parceiros do município de Ponta Delgada neste projeto o Instituto de Segurança Social dos Açores, o Hospital do Divino Espírito Santo, as associações Novo Dia, Arrisca e Alternativa, entre outras.
Lusa