Para fazer regressar o médico de quem todos gostam, a população entregou uma petição na Assembleia Legislativa Regional, que hoje vai ser analisada pela Comissão dos Assuntos Sociais.
“O médico vinha às Flores uma semana por mês e dava consultas pela noite dentro, aos sábados e domingos, muitas vezes sem sequer fazer as refeições, além de ser muito amigo de todos nós”, recordou à Lusa Maria Antónia Valadão, primeira subscritora da petição.
O amigo de que fala é António Góis, um clínico reformado da Força Aérea, que a população das Flores quer ver regressar a esta ilha no centro do Atlântico, onde se encontra o ponto mais ocidental da Europa.
Actualmente a trabalhar numa empresa que presta serviço no Centro de Saúde da Azambuja, António Góis garantiu à Lusa que “o amor era recíproco”.
“Durante os dias que permanecia na ilha visitava todas as freguesias, ia aos lares, fazia cuidados continuados e visitas aos domicílios dos doentes acamados”, afirmou o médico, que começou a exercer nas Flores em Janeiro de 2002.
O problema é que “o trabalho era muito” e a deslocação às Flores implicava que deixasse de ganhar o seu vencimento durante aquele período, pelo que pediu “um aumento da retribuição financeira”.
Inicialmente, os responsáveis do Centro de Saúde de Santa Cruz aceitaram pagar, mas a nova administração “levantou problemas administrativos para pagar”, o que fez com que o médico deixasse de ir às Flores desde Março.
A sua ausência, segundo Maria Antónia Valadão, foi “sentida pelos doentes”, que se uniram em torno de uma petição exigindo o seu regresso e que tem “mais de 600 assinaturas” numa ilha com cerca de 4.100 habitantes.
Maria Freitas, outra subscritora da petição, salientou que “o doutor António Góis é um médico à antiga”, daqueles que “vai a casa das pessoas, fala com elas, esquece-se de comer”.
“É difícil encontrar médicos que queiram trabalhar no interior do país e, numa ilha afastada como a nossa, ainda é pior”, frisou, recordando que a ilha conta actualmente com apenas dois médicos para atender toda a população.
A Lusa contactou a presidente do Centro de Saúde de Santa Cruz das Flores e o secretário regional da Saúde para obter um comentário sobre a pretensão da população, mas nenhum se disponibilizou para o efeito.
Lusa