A última vez que este acordo foi revisto foi em 1995, quando à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros estava Durão Barroso, atual presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro ministro português.
“Penso que é altura de as duas partes – EUA e Portugal – se sentarem à mesa e verem até que ponto poderá e deverá haver alterações porque a conjuntura geopolítica e geoestratégica mundial mudou radicalmente”, declarou o professor catedrático da Universidade dos Açores, que na sexta-feira lança o livro “Os Açores, a política Externa Portuguesa e o Atlântico”, com prefácio do professor universitário Adriano Moreira.
Luís Andrade considera mesmo “fundamental” que sobretudo Portugal “repense” a sua “posição negocial”, por forma a “adequar” o acordo às novas realidades geopolíticas internacionais e à conjuntura que se vive neste momento.
“Há muito tempo que os Açores deixaram de receber contrapartidas financeiras, tem havido alguma cooperação científica, em meu entender, muito diminuta. É necessário que haja uma renegociação séria em relação a este acordo que, de facto, não está a trazer nada de substancial quer a Portugal no seu conjunto, quer especificamente à Região Autónoma dos Açores”, frisou o especialista em relações internacionais.
Luís Andrade considerou ser “absolutamente necessário” repensar o Acordo Bilateral de Defesa e Cooperação, bem como “reformulá-lo” e “reestruturá-lo”.
Confrontado sobre a atual importância geoestratégica do arquipélago dos Açores, sublinhou que é “conjuntural”, muito embora defenda que os EUA “não vão abandonar” o arquipélago, apesar da “redução substancial” em curso do efetivo da Base das Lajes.
“Os EUA vão manter esta base como uma base adormecida. Isto é, na eventualidade de ser necessário uma intervenção militar (espero que não aconteça) dos EUA quer no Médio Oriente, no norte de África ou outra região do globo”, defendeu Luís Andrade.
De acordo com Luís Andrade, há que reconhecer que a Base das Lajes pode não ser “tão importante” com o foi por exemplo durante o período da Guerra Fria, mas não se pode determinar se dentro de um ano, dois ou cinco não poderá ocorrer um conflito regional e ser necessário, novamente, aos EUA recorrem à infraestrutura dos Açores.
A obra “Os Açores, a Política Externa Portuguesa e o Atlântico”, que vai ser apresentada por Adriano Moreira, em POnta Delgada, reúne artigos publicados por Luís Andrade em revistas da especialidade e algumas conferências que proferiu no país e no estrangeiro.
No livro é dado um destaque especial às relações com os EUA, bem como à problemática da União Europeia.
Luís Andrade já desempenhou funções de representante do Governo dos Açores na Comissão Bilateral de Acompanhamento do Acordo das Lajes.
Lusa