Portugal oferece órgãos para transplante a Espanha

Portugal ofereceu a Espanha, nos primeiros nove meses do ano, 30 órgãos excedentários que proporcionaram 21 transplantes a espanhóis e a seis portugueses que estavam em lista de espera naquele país para receberem um pulmão.

A coordenadora nacional das unidades de colheita de órgãos, tecidos e células para transplantação, Maria João Aguiar, revelou à Lusa que está a aumentar a oferta a Espanha de órgãos que, pelas mais variadas razões, não puderam ser transplantados em doentes portugueses. A parceria com Espanha permite, também, que órgãos espanhóis sejam usados em Portugal.

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No ano passado, Portugal ofereceu a Espanha 39 órgãos, que tiveram origem em 23 dadores. Com estes órgãos foram realizados 27 transplantes, que permitiram salvar várias vidas, entre as quais uma criança de ano e meio.

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Estes órgãos são recolhidos em Portugal de dadores portugueses. Por razões clínicas, nomeadamente incompatibilidades, os órgãos não podem ser transplantados nos portugueses que se encontram em lista de espera.

Nesses casos, as autoridades portuguesas avisam as espanholas da existência destes órgãos, cabendo-lhes virem buscar os pulmões, fígados, corações ou intestinos para salvar vidas de espanhóis que aguardam por um transplante.

Oito receptores em Espanha que receberam pulmões oriundos de Portugal em 2007 eram portugueses, que se encontravam em lista de espera para transplantação pulmonar em Espanha.

Maria João Aguiar destaca a importância destas ofertas, que têm como objectivo respeitar a vontade do dador: salvar vidas.

“Trata-se de um acto humanitário. Um dador que doa os seus órgãos certamente não quer que vão para o lixo, se puderem salvar outras vidas, falem português ou espanhol”, disse.

A coordenadora nacional das unidades de colheita de órgãos, tecidos e células para transplantação ressalva, contudo, que estes órgãos só são oferecidos a Espanha quando não são compatíveis com os doentes que se encontram em lista de espera em Portugal.

“São órgãos excedentários”, garantiu, explicando que a incompatibilidade com o grupo de sangue ou o seu tamanho são os dois motivos mais frequentes para não serem transplantados.

A coordenadora salienta a “relação privilegiada” entre Portugal e Espanha na área da transplantação, através da colaboração entre a Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplantação (ASST) e a congénere espanhola Organização Nacional de Transplantes (ONT).

Esta colaboração já permitiu, este ano, que viessem para Portugal, com carácter urgente, três fígados espanhóis que foram transplantados em Lisboa (um) e Porto (dois).

In Jornal Noticias

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