A energia das ondas tem futuro em Portugal desde que sejam encontrados “materiais mais resistentes à força do mar”, defendeu o investigador da Universidade do Minho Manuel Mota, que lidera o Centro de Investigação de Engenharia Biológica.
“Ainda não se encontraram formas de criar mecanismos capazes de resistir a ondas de sete ou oito metros de altura”, como sucedeu ao sistema Palamis, montado junto da costa na área marítima do Porto, disse Manuel Mota.
“Entre a costa de Peniche e a de Caminha – que tem 300 quilómetros – e a costa americana não há obstáculos naturais, o que faz com que a ondulação seja regular, logo apta para a produção de energia”, salientou.
O investigador sublinhou que as experiências realizadas na Escócia e mais tarde em Portugal confirmaram que as tempestades destroem os mecanismos de produção de energia, acrescentando que a estação de ondas da ilha do Pico, no arquipélago dos Açores, também está desactivada por razões semelhantes.
“Temos já investigação nesta áreas nas universidades do Porto e dos Açores, mas este tipo de energia só tem futuro se se encontrarem materiais mais resistentes à força do mar”, referiu.
O investigador, que é também presidente do Avepark-Parque de Ciência de Tecnologia de Guimarães, salientou que, além do sistema de “cobres flutuantes” como o Pelamis, há quatro ou cinco sistemas semelhantes, “alguns deles a funcionar bem e a produzir energia com regularidade, como o sistema de coluna de ar, mas que são pouco eficientes”.
O sistema que funcionou na ilha do Pico, relembrou Manuel Mora, era construído em betão armado, o qual não resistiu à corrosão marinha.
“É preciso encontrar novos materiais e sistemas mais aligeirados, mas com capacidade de resistência à erosão marinha e salina”, afirmou.
Manuel Mota sublinhou que “as universidades europeias trabalham em todas as frentes e em rede para investigar as diferentes energias alternativas e resolver problemas de armazenamento e distribuição na Europa”.
“Existe um problema na Europa que se prende com o facto de, entre a Itália, a Irlanda ou Finlândia e os extremos, a Ucrânia e Portugal, haver apenas três fusos horários, o que faz com que a diferença horária entre picos de produção de energia seja de apenas três horas”, anotou, frisando que tal impede a implementação eficaz de armazenamento de energia para distribuir em horas de ponta como acontece nos Estados Unidos onde há cinco fusos.