Portugal vai precisar de recorrer ao Fundo de Estabilização Financeira da União Europeia num montante até 51 mil milhões de euros, de acordo com um estudo do banco HSBC citado no “Wall Street Journal”.
De acordo com um estudo do banco britânico HSBC, Portugal precisa de mais de 51 mil milhões de euros para as necessidades de financiamento, de acordo com a edição de hoje, terça-feira, do norte-americano “The Wall Street Journal”.
Num dia em que a bolsa portuguesa caía 1,45% pelas 12.30 horas, continuando desde segunda feira no vermelho, e a espanhola 2,47%, aliás liderando as perdas entre as principais praças europeias, os investidores penalizam os dois países.
A Espanha fez esta manhã uma emissão de dívida de 3,26 mil milhões, na qual pagou o dobro dos juros que tinha pago na última operação semelhante, em Outubro, e não conseguiu vender a totalidade do valor previsto.
Segundo anunciou hoje o Banco de Espanha, o Tesouro espanhol colocou 2,09 mil milhões de euros em títulos a três meses com um juro médio de 1,743%, acima dos 0,951% do último leilão com a mesma maturidade, a 26 de Outubro. Para esta maturidade, a procura superou em 2,34 vezes a oferta.
Na dívida a seis meses, foram colocados 1,16 mil milhões de euros à taxa média de 2,111%, face aos 1,285% do último mês. Neste caso, a procura foi de 2,65 vezes a oferta.
No caso português, o panorama agravou-se nos mercados internacionais, com a dívida nacional a chegar a ser transaccionada nos mercados secundários a 6,88%, estando a média do dia nos 6,758, mais do que os 6,721% de segunda feira.
Portugal “é considerado um risco”
“Assustados pela escala do resgate financeiro na Irlanda, em Maio, e pelo falhanço da banca irlandesa, os investidores internacionais estão a olhar mais atentamente para as finanças dos países da zona euro e não gostam do aspecto das contas portuguesas. A vizinha Espanha paira com a próxima, e muito maior, peça do dominó a cair”, escreve a Associated Press.
Portugal “é considerado um risco por causa do fraco crescimento económico e pelo alto nível de dívida. Pediu emprestadas enormes quantias para financiar os direitos sagrados do Estado previdência e consumo privado, ao mesmo tempo que protegia empregos através de leis laborais obsoletas que ignoraram as mudanças nas condições de mercado”, continua a Associated Press.
Os investidores estão “a olhar para o próximo alvo” e Portugal enquadra-se na descrição, explica a economista Emilie Gray, da Capital Economics, em Londres, que prevê que Portugal terá de pedir ajuda no princípio do próximo ano, quando terá de refinanciar cerca de 20 mil milhões de euros em títulos de dívida pública até Junho.
O Governo, no entanto, tem garantido que não vai ser preciso recorrer a ajuda financeira internacional e sublinhado que Portugal consegue resolver sozinho as dificuldades económicas e financeiras.
JN