A crise é mundial, mas as soluções têm de ser encontradas por cada país e quanto a isso António Barreto não tem dúvidas que uns estão a investir na solução certa enquanto outros apostam na solução errada. “Alguns países começaram a corrigir seriamente a despesa pública, a despesa orçamental, as políticas orçamentais”, dando como exemplo a França e a Alemanha, que apresentaram um plano de corte na despesa de cem mil milhões de euros e 90 mil milhões de euros, respetivamente, disse o sociólogo. “Qualquer destes países fez melhor que Portugal, porque cortou na despesa e não mexeu nos impostos.
Portugal fez ao contrário, mexeu nos impostos e não cortou na despesa ou cortou pouco”, defende António Barreto. Por isso, entende que Portugal tem apenas uma opção: “Acho que Portugal tem, nos próximos meses, que refazer mais um programa de austeridade. Tem de ser, é indispensável”, considera. Tudo porque, aponta, o país “não fez, durante os últimos 20 anos, o trabalho de casa”. “Portugal, durante os últimos 20 anos, não fez o que deveria ter feito do ponto de vista financeiro, do ponto de vista orçamental, do ponto de vista das políticas industriais, da produtividade, da competitividade, e deixou crescer a despesa pública, o endividamento, o défice, não só o défice público e o défice orçamental, mas também o défice externo.
Deixou crescer e agora queixa-se”, sustenta. Na análise do sociólogo, se Portugal tivesse feito “o trabalho de casa” e tivesse levado a cabo as políticas certas, “não estaria hoje dependente”. Confrontado com a questão de ser ou não desejável a transferência dos poderes financeiros para Bruxelas, António Barreto admite que essa terá de ser a solução se os países europeus quiserem manter o apoio financeiro. “Se Portugal quiser viver com créditos e financiamentos tem de fazer o necessário para isso e o necessário é obedecer às instruções financeiras porque se não obedecer não tem financiamentos nem protecção”, conclui.