PPM/Açores diz que Câmara de Comércio de Ponta Delgada deve explicações

Foto de Arquivo

O PPM no parlamento açoriano considerou que a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada tem “muito para explicar aos associados e ao tecido empresarial” sobre a seleção de candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Paulo Estêvão falava na Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA), que começou esta manhã na cidade da Horta, ilha do Faial, durante o debate de urgência pedido pelo PS a propósito das Agendas Mobilizadoras do PRR e dos 117 milhões de euros destinados pelo Governo da República a empresas da região.

“A Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada e o seu presidente, Mário Fortuna, têm muito para explicar aos associados e ao tecido empresarial. Pelos testemunhos que tenho, Mário Fortuna não liderou o processo da melhor forma. Esta é a questão que acho que deve ser abordada neste debate”, afirmou o deputado do PPM, partido que integra o atual Governo Regional dos Açores, em coligação pós-eleitoral com o PSD e o CDS.

Para o deputado, “esta entidade, que goza de estatuto de entidade pública, devia ter feito uma gestão que não fosse arbitrária”, evitando que “a informação não chegasse de forma igual a todos”.

“Há testemunhos de empresas que dizem que não foram convocadas ou contactadas”, observou.

Por outro lado, “há testemunhos de outras câmaras de comércio que dizem que a liderança [do processo] foi da Câmara de Ponta Delgada”, apontou.

Paulo Estêvão defendeu que a região “não pode desistir” que as verbas em causa “cheguem aos Açores”, notando que “a atribuição é do Governo da República, não do Governo Regional”.

Quanto ao CDS, o deputado Rui Martins alertou, já no encerramento do debate, que o Governo Regional “assumiu que podia ter sido feito mais e melhor na divulgação dos anúncios das agendas mobilizadoras”.

“Valha a humildade deste Governo”, assinalou.

Rui Martins indicou ainda ser “um facto que as câmaras de comércio e indústria não estavam mobilizadas nem mobilizaram os seus associados”.

“Não podemos dizer que Governo é responsável quando o tecido empresarial não estava preparado”, sublinhou, criticando o anterior Governo regional, socialista, por “entregar a autonomia açoriana ao Governo da República”, por permitir que 01% do PRR seja por ele gerida.

Na intervenção inicial, Rui Martins lembrou que, a 07 de setembro, outro deputado do CDS-PP, Pedro Pinto, alertou o presidente do Governo Regional para que o PRR e as agendas mobilizadoras não ficassem “sempre para os mesmos”.

“Agora, terminado o prazo, é que o PS se foi inteirar sobre o assunto. O CDS sempre foi defensor da transparência, sem complacência para situações de promiscuidade”, destacou Rui Martins.

Relativamente às agendas mobilizadoras, o deputado afirmou que o CDS-PP não podia “compactuar com pretensos favorecimentos indevidos”.

“Este Governo não se pode pautar pela mesma neblina dos anteriores”, avisou.

O deputado José Pacheco, do Chega, partido com quem a coligação de Governo formou um acordo de incidência parlamentar, criticou o PS/Açores por ter deixado que a República faça a gestão de uma parte do PRR.

“Em termos futebolísticos, o ataque é sempre a melhor defesa. Tivemos aqui um ataque numa defesa. O Governo da República olha para os Açores como ilhas esquecidas. E o Governo da República é o governo socialista de António Costa”, afirmou.

Quanto ao atual Governo Regional, Pacheco afirmou que “foi a jogo e correu mal”, mas “à quarta e ao sábado [após conhecidos os resultados], o Euromilhões sai a toda a gente”.

“Correu mal para o nosso Governo. Realmente não cabiam as pequenas e médias empresas. É difícil. Vão [os fundos] para os suspeitos do costume. Se desconfiamos destas empresas, está aqui o Chega. Vamos ter um gabinete anticorrupção. Se acusam, sou o primeiro a subscrever para apurar se é verdade ou mentira”, disse.

“Não tenho de defender o Governo, mas não tenho de o colocar na fogueira”, concluiu.

 

 

 

Lusa

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