O presidente do Governo dos Açores alertou hoje “o enorme risco social” de ter “uma importante parte de uma geração sem ligação ao mercado de trabalho” e sublinhou a necessidade de “vontade política” na Europa para a criação de emprego jovem.
“É mais do que um desafio contabilístico, é mais do que um desafio administrativo, é mais do que um desafio técnico. É, isso sim, um claro desafio político e da Política, que os políticos devem assumir sem tibiezas, sem vergonha e com coragem”, afirmou Vasco Cordeiro.
O presidente do Governo açoriano falava, em Paris, na Assembleia-Geral da Assembleia das Regiões da Europa, onde apresentou o relatório do Programa Eurodisseia, que os Açores presidiram durante seis anos consecutivos.
O Eurodisseia teve o seu início em setembro de 1985 para promover, em simultâneo, a mobilidade e a empregabilidade dos jovens europeus das várias regiões envolvidas.
Na sua intervenção, o chefe do executivo açoriano sublinhou que o desafio da criação de emprego “exige clarividência, articulação e união, firmeza e forte vontade política” ao nível da Europa, apontando que “desde o início da crise financeira de 2008 que o ritmo de destruição do emprego jovem na Europa tem sido galopante e sem precedentes”.
“Corremos o enorme risco social de ter, pela primeira vez, uma importante parte de toda uma geração sem qualquer ligação ao mercado de trabalho e forçada a procurar o seu projeto de realização pessoal e profissional, muitas vezes fora do seu próprio espaço nacional e, outras tantas, fora do espaço Europeu”, disse, sublinhando que a Europa “não se pode dar ao luxo” de desperdiçar o seu maior capital.
Além disso, acrescentou, “a desagregação social que um fenómeno desta natureza produz e o desencanto e descrença nas instituições e no sistema democrático são riscos enormes para o conjunto do projeto europeu e para a estabilidade e crescimento económico do nosso continente”.
Sublinhando o facto de a União Europeia ter colocado como “primeira prioridade para a agenda 2014 – 2020 o combate ao desemprego, à não qualificação e ao abandono escolar precoce dos jovens”, Vasco Cordeiro defendeu que essa “dura batalha” tem que envolver uma “garantia de flexibilidade” para “tratar diferente o que é diferente”, dotando as regiões com mais dificuldades de instrumentos para lutar contra a problemática.
Destacou o caso de “sucesso” do programa Eurodisseia, na “promoção da empregabilidade jovem na Europa” e como instrumento “modelo de mobilidade profissional de jovens” e, num balanço aos seis anos de presidência açoriana deste programa, indicou que “mais de 3.000 jovens estagiaram em mais de 800 empresas de mais de 40 regiões europeias”.
Segundo um inquérito recente do Observatório do Emprego e Formação Profissional do Governo açoriano, mais de 90 por cento dos estagiários consideram que o programa representou uma mais-valia para o seu percurso profissional e mais de 50 por cento encontraram emprego como resultado das competências adquiridas no Eurodisseia, acrescentou.
Vasco Cordeiro referiu que foi possível “alargar” o âmbito de atuação do Eurodisseia, pois foi aumentado “em mais de 20% o número de jovens participantes e em mais de 60% o número de regiões participantes, que passaram de 26 para 43”.
O presidente do Governo açoriano manifestou confiança na presidência da região de Île de France e sublinhou a “grande sensibilidade” de Michèle Sabban, presidente desta região francesa, para a questão do emprego jovem na Europa.
Lusa