“O superior interesse da região tem de ficar sempre acima, e muito acima, da conservação partidária do poder”, considerou José Manuel Bolieiro, falando no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada, na sessão de apresentação do programa de governo dos sociais-democratas açorianos para as eleições no arquipélago, marcadas para 25 de outubro.
Perante cerca de uma centena de militantes, numa sessão limitada pela pandemia de covid-19, Bolieiro frisou que “o mesmo caminho para as mesmas opções produz sempre os mesmos resultados”, e “importa” que os açorianos transformem “o medo da mudança em coragem e ousadia pelos Açores do futuro”.
“É possível, é preciso e urgente fazer diferente. Queremos para os Açores um verdadeiro desenvolvimento, mais consistente e mais consequente. O desenvolvimento económico requer um governo orientado para o desenvolvimento. Deve criar um contexto propenso ao investimento das empresas privadas”, disse ainda.
Bolieiro diz não se poder conformar com as “realidades que as estatísticas objetivas e independentes evidenciam no presente, após o mesmo modelo de governação [do PS] durante 24 anos consecutivos”.
E concretizou: “Vinte e quatro anos é muito tempo e não deram os bons resultados de progresso à data de hoje, que os milhões recebidos, se fossem bem geridos, podiam e deviam ter gerado, combatendo a pobreza, criando riqueza, emprego e desenvolvimento”.
O chefe dos sociais-democratas açorianos citou diversos “dados sintomáticos recentes e independentes” divulgados pela Pordata, como a taxa de abandono escolar, que “é mais do dobro da registada a nível nacional”, ou o facto de, nos Açores, “sete em cada dez habitantes têm, no máximo, o ensino básico” e apenas “um em cada dez completou o ensino superior, uma diferença de nove pontos percentuais face ao observado a nível nacional”.
O programa político do PSD para as eleições regionais nos Açores, marcadas para outubro, assenta em quatro eixos estratégicos, defendendo uma desgovernamentalização e descentralização da região, a par de maior liberdade e independência e avanços no campo digital.
O documento arranca com uma “carta aberta ao eleitor açoriano”, assinada pelo presidente do PSD/Açores e desenvolve as prioridades do partido em várias áreas de atuação.
Na missiva, é dito que o “indeclinável perfil político” do atual PSD “é reconhecido e não muda”, assentando no respeito e diálogo.
“É isso que podem esperar de nós os açorianos, apoiantes e adversários. Estamos disponíveis para o debate plural e democrático, com respeito pela integridade das pessoas e das instituições, que representam legitimamente a vontade do povo”, diz Bolieiro.
“A candidatura que assumimos à presidência do governo da Região Autónoma dos Açores, em nome e representação do PSD/Açores, justifica-se pelo valor democrático da afirmação de uma alternativa de governação. Uma alternativa que seja geradora de alternância do poder”, é ainda dito.
Bolieiro garante ainda aos eleitores que vai dar “mais espaço ao empreendedorismo, de empregadores e trabalhadores”, que terão com o PSD “mais liberdade e segurança para criarem riqueza e trabalho”.
Os Açores em 2030, defende Bolieiro e a sua candidatura, devem ser uma região “substancialmente mais rica”, baseada no “desenvolvimento sustentável” e ultrapassando “desafios da ultraperiferia e insularidade”.
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.
Vasco Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve 16 anos no poder, apresenta-se de novo a votos para tentar um terceiro e último mandato como chefe do executivo.
Lusa