A privatização da RTP, “como muita gente tem defendido, dará cabo de todo o setor da comunicação social”, disse hoje Henrique Monteiro, diretor para novas plataformas do grupo Impresa.
“O mercado publicitário, como têm defendido os próprios publicitários, não aguenta mais um ‘player’ sem fazer cair outros”, considerou o responsável, que falava na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide.
O ex-diretor do Expresso defendeu, no entanto, “a presença residual do Estado na informação” quando esta “é concessionada, caso das rádios e televisões, ou quando há interesse do país e não há mercado, caso da lusofonia”.
Ao Estado bastaria, então, manter “o que é hoje” o segundo canal da RTP, uma RTP Internacional “dedicada sobretudo à lusofonia” e um canal de rádio não comercial.
“A agência Lusa, em parceria com os privados, tal como hoje existe, faz igualmente sentido. O resto é completamente dispensável”, sustentou, embora ressalvando que “acabar com a presença excessiva do Estado na comunicação social não deve dar lugar a outras presenças excessivas e porventura mais perniciosas”, disse o responsável.
“Bem sei que agora ouço muitos liberais de última hora, aqueles que foram extremosos aliados do anterior Governo e se posicionam, por vezes à força, como aliados deste, porque vivem sempre à sombra de um Governo qualquer, esses liberais vêm dizer que é isto o mercado. Mas o mercado não é, seguramente, misturar o que não é misturável – esse é o mercado sem ética que nos condenou a esta penúria, o que mistura quem se dedica a uma atividade honesta com quem se envolve em negócios nem sempre percetíveis para espíritos honestos”, disse o profissional da Impresa.
“Também não é mercado abrir concurso para duas concessões de televisão com a condicionante de haver um canal público, e depois alterar abruptamente as regras do mercado precisamente contra quem ganhou as concessões”, considerou ainda.