A problemática da baleação, uma actividade que conheceu nos Açores o seu apogeu a partir da II Grande Guerra, esteve ontem em debate na vila das Lajes do Pico, com a participação de especialistas oriundos de vários países.
Organizado pelo Museu do Pico, este evento denominado “Memória e Identidade – uma perspectiva multicultural” integrou-se no Projecto Comunitário “Baleiaçor e teve o apoio da Direcção Regional da Cultura da Presidência do Governo e da EEA Grants, o Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu que custeou a iniciativa.
Para o director do Museu do Pico, a realização deste seminário internacional é plenamente justificada pela “importância económica, social e cultural” que a baleação costeira assumiu nos Açores, em geral, e na ilha do Pico, em particular.
Com esta iniciativa, lembrou ainda Manuel da Costa Jr., o Museu do Pico, no qual se integra o Museu dos Baleeiros, cumpre também o objectivo de “sair do espaço físico” dos três pólos que o integram.
O seminário, que decorreu na Sociedade Filarmónica “Liberdade Lajense”, contou com a participação dos investigadores Fabiana Comerlato (Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia), Luís Freitas (Museu da Baleia da Madeira), James Russell (New Bedford Whaling Museum), Graça Filipe (Ecomuseu do Seixal), Jan Erik Ringstad (The Whaling Museum Sandefjord, da Noruega), Dionísio Pereira González (Federación Galega pola Cultura Marítima e Fluvial), José António Rodrigues Pereira (Museu da Marinha) e Manuel Francisco Costa Júnior (Museu do Pico).
Integrado no mesmo projecto, realizar-se-á hoje à tarde a 1.ª edição da Regata João Baptista Medina, que terá a participação de botes baleeiros das ilhas do Pico, Faial e S. Jorge.
O último cachalote a ser capturado nos Açores foi morto no Pico em 1987, numa altura em que a caça comercial à baleia, proibida a nível internacional desde a época de 1985/86 por uma moratória decretada pela Comissão Baleeira Internacional, já tinha cessado no arquipélago.
O final da baleação nos Açores deu azo, todavia, ao surgimento de uma promissora actividade de observação de baleias, que conta presentemente com quase duas dúzias de operadores.
Segundo um relatório divulgado em Junho pelo International Fund for Animal Welfare (IFAW), a indústria ligada à observação de baleias nos Açores terá rendido, durante o ano passado, cerca de 7,6 milhões de euros.
Ainda de acordo com o mesmo estudo, o número de pessoas que anualmente procuram observar cetáceos ao largo das ilhas açorianas passou de 9.500 em 1998 para 40.180 em 2008.