A concentração foi convocada, através das redes sociais da internet, por uma comissão representativa de professores e educadores precários e desempregados da maior ilha açoriana para demonstrar o descontentamento relativamente ao desemprego de pessoal docente em S. Miguel, que a organização estima atingir “mais de uma centena de professores”.
“Quero trabalhar, não quero subsídios!”, “contratada há 10 anos”, “profissão: desempregada” e “sou preciso na escola, mas o meu patrão é a segurança social”, foram algumas das frases inscritas nos cartazes colocados nas Portas da Cidade.
Joana, professora de matemática e ciências, “há 10 anos a contrato”, lamentava “só ter ficado colocada na segunda cíclica num horário de substituição temporária até novembro”.
“A partir daí é o desemprego. Tenho ficado sempre colocada em Ponta Delgada, mas no passado dia 01 de setembro e nem aqui, nem em lado nenhum”, contou aos jornalistas.
Fernando Marta, da comissão representativa de professores e educadores precários e desempregados justificou o protesto afirmando que os docentes precários e desempregados “são necessários nas escolas”.
“As escolas fazem o pedido à tutela e esta simplesmente não abre vagas para estes mesmos professores. E os órgãos executivos das escolas veem-se a braços com uma situação de preencher ou não horários”, afirmou, sublinhando que a situação está a levar “à atribuição de horários a professores que não têm habilitações na área”.
Para Fernando Marta, “o Governo força as escolas a cometer aquelas ilegalidades”, acrescentando ter “conhecimento da não abertura de vagas, em algumas escolas”, também no caso de professores de “educação especial”.
Fernando Marta adiantou que “vai ser solicitada uma audiência ao presidente do Governo regional” e “a partir de segunda-feira, vai ser “dada nota de cada uma das escolas onde faltam professores, mas que a tutela não abre vaga”.
Sónia Penela, também da comissão que convocou a concentração de professores e educadores, disse que “os Açores eram dados como exemplo por criar grupos de apoio para superação de dificuldades”, o que atualmente “não acontece”.
“Quando a senhora secretária diz que não conhece as ilegalidades isto choca-nos um bocado, porque ela tem que ser a principal conhecedora do que se passa nas escolas. Temos conhecimento pelos conselhos executivos que isto está a acontecer, então há alguma falha de informação entre os órgãos de gestão das escolas e a secretária”, criticou.