A direção da Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo considerou que o programa “Viver Açores”, do Governo Regional, está “longe de ser suficiente” para evitar “quebras abruptas” no turismo açoriano.
Na sequência de uma reunião da Comissão da Promoção e Dinamização do Turismo e da direção da Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo, na quarta-feira, os intervenientes consideraram que “em relação à atividade atual do turismo o balanço é, naturalmente, muito negativo”.
Os empresários da ilha Terceira, descreve a nota divulgada, referem que, “após dois meses com faturação nula”, e considerando agências de viagens, restaurantes, alguns hotéis e empresas de animação turística, poucas empresas “retomaram os serviços em maio e junho, mas com um volume de vendas muito baixo e quebras consideráveis na faturação próximas dos 100%”.
O tecido empresarial da Terceira está convicto de que, apesar do anúncio do programa ‘Viver Açores’”, que “pode contribuir para um desagravamento da situação”, este “será muito ligeiro e longe de ser suficiente para evitar quebras abruptas na época alta do setor, com impactos negativos catastróficos na economia e no emprego na região.”
“Estatisticamente, a região ultrapassou, em 2019, as três milhões de dormidas no total das unidades de alojamento locais, com mais de 970 mil hóspedes, 47% dos quais nacionais. O valor que a região estima despender na campanha representa pouco mais de 1% do total de hóspedes acolhidos em 2019”, afirma a Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo.
No âmbito do programa “Viver Açores”, o Governo Regional irá apoiar com até 150 euros os açorianos que pretendam passar férias noutras ilhas que não a de residência, mediante exigências ao nível do alojamento, refeições e atividades, para mitigar os efeitos da covid-19.
A Comissão da Promoção e Dinamização do Turismo e a Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo, visando a sustentabilidade do setor, consideram que a informação acerca dos procedimentos existentes para controlo da propagação da covid-19 na região “tem de ser mais coesa e abrangente, uma vez que não está a chegar corretamente ao exterior”, tendo em conta que o procedimento “é alterado com regularidade”.
Os empresários consideram que “é importante transmitir confiança aos mercados e operadores, uma vez que a região sempre se posicionou como um destino seguro devido à baixa taxa de casos”.
O tecido empresarial quer que os passageiros que desembarquem nos Açores com o teste de despiste ao vírus SARS-CoV-2 com resultado negativo beneficiem da oferta de uma percentagem do valor pago pela análise em ‘vouchers’ que possam ser usados em serviços e produtos de empresas locais, durante a estada no arquipélago.
Os agentes económicos referem ser “essencial para a retoma” das empresas locais que o recurso ao teletrabalho seja, neste fase, “uma exceção e não a regra, devendo todos os serviços de administração regional funcionar normalmente”.
Sugere-se que a manutenção e a vigilância do património ambiental, como os trilhos pedestres e outras infraestruturas, passem a ser efetuadas por empresas de animação turística e guias turísticos, “prática já efetuada em outros países da Europa”.
Lusa