“A questão das alterações climáticas é um fator importante. Podemos ter este tipo de fenómeno, mas ainda mais extremo, daí que tenhamos optado por esta via de treino”, explicou o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), Eduardo Faria, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
O maior exercício da Proteção Civil açoriana realiza-se de 01 a 03 de abril, pela primeira vez na ilha de Santa Maria, com a participação de cerca de 200 elementos de 24 entidades.
À semelhança do que aconteceu em 2021, em São Jorge, o exercício Touro vai simular um evento meteorológico extremo, neste caso a passagem de um furacão pela ilha de Santa Maria, que a colocará em alerta vermelho devido a chuva, vento e agitação marítima.
“O cenário de 2021 incidia mais na questão das cheias, do transbordo de ribeiras. Este fica um bocadinho mais complexo”, adiantou Eduardo Faria, salientando que os fenómenos meteorológicos são uma das ameaças a que os Açores estão mais expostos.
Segundo o presidente do SRPCBA, o exercício vai permitir “melhorar” algumas situações que correram menos bem em São Jorge, como a comunicação entre as equipas no terreno, o comando de operações de socorro e a comissão municipal de Proteção Civil.
“É muito importante esta passagem de informação, esta ligação entre quem está no terreno e quem está em postos de decisão. Isto o ano passado correu menos bem, vamos estar particularmente atentos e já fizemos algumas correções para que este ano corra melhor”, afirmou.
A Proteção Civil quer também identificar com este exercício as dificuldades de telecomunicações que existem em algumas áreas em cada ilha.
“As telecomunicações são essenciais para a perceção do socorro rápido e em qualidade. É importante que nós identifiquemos estes locais de difícil operação. Em São Jorge, conseguimos identificá-los, conseguimos encontrar formas de mitigar”, adiantou Eduardo Faria.
Realizado desde 2015, o exercício Touro já passou pelas ilhas de São Miguel, Terceira, Pico e São Jorge e a Proteção Civil espera, em breve, fazê-lo chegar também ao grupo ocidental (Flores e Corvo).
O exercício conta este ano com a participação de cerca de 200 elementos de 24 entidades, incluindo todas as corporações de bombeiros de Santa Maria e São Miguel.
Vão participar ainda a autoridade marítima, a autoridade de saúde concelhia, o município de Vila do Porto, o Comando Operacional dos Açores, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcância dos Açores, o Laboratório Regional de Engenharia Civil, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, várias direções regionais e forças de segurança.
Entre as possíveis ocorrências a serem simuladas estão a obstrução de vias de acesso, o transbordo de ribeiras, movimentos de vertentes, falhas nas comunicações fixas e móveis, a necessidade de evacuações preventivas e a necessidade de busca e salvamento de pessoas desaparecidas no mar e em terra, entre outras.
Lusa