“Somos confrontados com PS, ainda magoado com a perda do poder, a dizer que a mudança, a reforma, está mal preparada. Magoado com a perda do poder, não acredita na atitude reformista. Fica para os açorianos a firmeza de que queremos fazer diferente. Ouvindo as propostas, as críticas, mas assumindo a liderança, numa agenda social e de convergência para os Açores”, afirmou José Manuel Bolieiro.
Antes, Vasco Cordeiro censurou a “maioria absoluta que cada vez mais se distingue pela arrogância, por se entrincheirar”, considerando que “os Açores correm o risco de perder uma oportunidade única, por estarem distraídos em guerrilhas internas”.
“[O Governo] Está decidido a ser indeciso. São incapazes de mudar até o que o PS já teria mudado”, frisou.
Já no fim do debate, José Manuel Bolieiro deixou uma “nota de convicção democrática”.
“A disponibilidade para a crítica, para o aperfeiçoamento, nunca inibiu este Governo. Não podem dizer que não fomos capazes de ouvir, disponíveis com tempo para apreciar, e também respeitadores dos regulamentos comunitários e dos valores predeterminados”, disse.
O Governo, acrescentou, está “confortável com todas as críticas”.
“Na passagem da anteproposta para a proposta serão assumidas as propostas que forem compatíveis, nomeadamente com regulamentação europeia”, assegurou.
O debate acabou com Nuno Barata, deputado único da Iniciativa Liberal (IL), com quem o PSD assinou um acordo de incidência parlamentar, a perguntar se “as considerações sobre humildade democrática” do presidente do Governo também servem “para desprezar o povo na rua”.
“Teceu uma série de considerações sobre humildade democrática. Pergunto se também despreza o povo na rua, porque as redes sociais também são o povo na rua”, afirmou.
Para o deputado da IL, algumas redes sociais têm mais seguidores do que alguns deputados do parlamento tiveram votos, pelo que “são para levar em atenção”.
“Mas, não é para depois aplicar processos disciplinares a funcionários da administração pública. Fiquei deveras incomodado com a desumildade democrática de um presidente do conselho de administração de uma empresa pública pelo processo disciplinar a um funcionário porque comentou um ‘post’ da IL”, lamentou.
Antes, o parlamentar criticou o PO, considerando que “não vale auscultar fingindo que se ausculta”.
António Lima, deputado do BE, referiu ainda a “fragilidade dos argumentos” do Governo açoriano, pois “quase que não há informação sobre como, quando e onde pretende investir a verba”.
“É [o PO] um conjunto vago de intenções e nem todas são boas. Não podemos aceitar que a estratégia de investimento dos próximos anos seja tão pouco transparente. Ou isso ou o Governo ainda não sabe bem o que fazer com estes fundos”, observou.
Pedro Neves, do PAN, classificou o documento como tendo uma “execução demasiado amadora”, enquanto José Pacheco, do Chega, com quem a coligação de Governo assinou um acordo de incidência parlamentar, considerou o debate convocado pelo PS como uma “encapotada moção de censura”.
Carlos Furtado, deputado independente (ex-Chega), com quem a coligação tem também um acordo de incidência parlamentar, considerou que, “se este PO falhar, é pela falha dos PO anteriores”, da responsabilidade do PS.
Pedro Pinto, do CDS-PP, notou que, “pela primeira vez, a anteproposta de PO esteve em debate público”, mostrando uma “nova forma de fazer política”.
Paulo Estêvão, do PPM, considerou o debate uma “emboscada” do PS, apenas interessado na “crítica política”.
“De propostas e alternativas, zero, o PS não tem nada. Se este Governo cair, eu também caio. Vamos cerrar fileiras e apoiar o Governo contra a vossa atitude de guerrilha e destruição dos interesses dos Açores”, afiançou.
Lusa