O Partido Socialista interpelou esta quarta-feira o Governo Regional, sobre “Serviço de Transporte Aéreo de Emergência Médica”, à margem do inquérito sobre a polémica em torno das evacuações que envolveram doentes da Graciosa e de São Jorge, no passado dia 2 de fevereiro de 2017, quase em simultâneo, tendo o helicóptero da Força Aérea evacuado o doente da ilha de São Jorge, “quando a equipa médica tinha optado por evacuar, primeiro, um doente da Graciosa”, após a médica reguladora, a quem compete tomar as decisões sobre as evacuações aéreas, “ter sido interpelada múltiplas vezes por pessoas alheias ao serviço”.
Para o socialista Dionísio Faria e Maia, “muito se disse e escreveu sobre o incidente, muitos juízos ligeiros se fizeram, politizando-se rapidamente aquilo que deveria simplesmente conter matéria de decisão clínica e organizacional”, disse, realçando que “em política não vale tudo”, principalmente quando o que esteve em causa foi “um conflito entre pares”, “uma falha de comunicação e inoperância reconhecida pelos técnicos intervenientes” que é “passível de resolução pelo diálogo e assumo de liderança”, disse o deputado.
O Secretário Regional da Saúde voltou a assumir que “agiu mal” ao não ter aberto inquérito à altura do acontecimento, mas garante que será feita uma reflexão em conjunto com os profissionais que estão envolvidos nesta área, com o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, com os centros de saúde e com a Unidade de Evacuações Aéreas, para reforçar medidas a implementar no sistema.
Artur Lima, reforça que é necessário “reformular todo o sistema e não apenas minimizar ou menorizar, como pretende o Presidente do Governo”, urgindo, deste modo, “a sua revisão total, porque as evacuações e as deslocações de doentes não podem ser suscetíveis de entropias desta natureza”, apontando o líder da bancada centrista o dedo à médica reguladora, que considerou não ter agido em conformidade com a legitimidade imposta, e lembrou também a “promessa não cumprida de assegurar a permanência nos Açores de uma tripulação adicional para os helicópteros de busca e salvamento que foi feita pelo Primeiro-ministro em 2016, e que ainda hoje estamos à espera que se cumpra”.
Também Paulo Mendes do Bloco de Esquerda considera que esta medida devia estar implementada há muito tempo. “A localização dos Açores, no meio do Atlântico, confere uma vasta área de competência no que diz respeito à missão de busca e salvamento no mar, para a qual a Força Aérea tem poucos meios. E são estes mesmos meios que estão dedicados às evacuações médicas no arquipélago, o que torna a falta que faz a segunda tripulação para os helicópteros ainda mais evidente”, defende.
Mas do PSD/A as críticas são mais duras, com Mónica Seidi a considera o Secretário Regional da Saúde “politicamente indigno” de permanecer no cargo, “após ter ficado provado que este interferiu nas evacuações médicas ocorridas a 2 de fevereiro de 2017”, e acusa o PS de usar a interpelação ao Governo Regional sobre esta matéria para lavar a imagem do Governo e de Rui Luís.
A parlamentar do PSD/Açores considerou “lamentável” que o Presidente do Governo Regional, no despacho feito a propósito do inquérito, “não tenha encontrado culpados”, apesar de todos os factos apurados pela Inspeção Regional de Saúde, acusando vasco Cordeiro de ter emitido um despacho no qual não aponta o dedo a nenhum responsável, “deixando que a culpa morresse solteira”, frisou.
Às declarações do PSD/A, o partido Socialista reagiu condenando o que considera ser um “aproveitamento político inqualificável” do caso, demonstrando que é um partido “esgotado” e sem propostas concretas para melhorar a vida dos Açorianos.
Vasco Cordeiro, concluído o inquérito, considerou que apesar de todas as circunstâncias que o antecederam e rodearam, o documento “constitui um importante e útil elemento e uma inegável oportunidade de melhoria daquele que constitui um serviço de importância vital para a segurança e bem-estar dos açorianos”, assumiu.
Em reação à divulgação do inquérito às evacuações médicas de doentes das ilhas de São Jorge e da Graciosa, a presidente do Conselho Médico da Ordem dos Médicos nos Açores, Isabel Cácio, declarou à agência Lusa, que “não é tolerável qualquer tipo de interferência sobre a decisão médica, venha ela de onde vier, de outros médicos ou pessoas que tutelam, de uma forma ou outra, a saúde na região”.