O deputado do PSD/Açores eleito pela ilha de São Jorge, António Pedroso, questionou hoje o Governo Regional sobre a gestão da Lagoa da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, querendo saber concretamente “se tem havido manutenção à retroescavadora existente na Fajã da Caldeira de Santo Cristo, e que devia assegurar as condições de circulação da água do mar no local, o que não está a acontecer”, denuncia.
O social democrata diz que “estamos perante um caso de abandono e incúria para com um “ex libris” da ilha de São Jorge, porquanto o Plano de Gestão das Fajãs da Caldeira de Santo Cristo e dos Cubres propôs, em 2010, a realização de obras anuais de recuperação e manutenção daquele espaço natural, nomeadamente através do alpeirão (passo). Sendo que já desde 2000 há uma retroescavadora no local para a abertura do canal e para a manutenção das condições de circulação da água do mar”, explica.
“Inexplicavelmente, há alguns anos deixaram de ser feitas as operações de desassoreamento do canal, e a máquina ficou aparentemente inoperacional, comprometendo a circulação de água, afetando a dinâmica ecológica das amêijoas e colocando em causa a concretização das medidas propostas do referido Plano de Gestão”, denuncia António Pedroso.
“Ora, é preciso saber se aquela máquina está ou não operacional”, questiona o deputado do PSD, já que, “caso esteja inoperacional, têm de se assegurar novos meios para a manutenção da barreira e para as condições de circulação da água do mar na lagoa”, defende, “mesmo se o governo diz que decorreram trabalhos entre abril e junho de 2017, e que o equipamento é periodicamente colocado a trabalhar”.
O social democrata refere que se tem assistido “a uma dinâmica sem precedentes nas fajãs de São Jorge, com destaque para a Fajã da Caldeira de Santo Cristo, e a verdade é que, pese embora o novo paradigma, que tem atraído mais pessoas à ilha, há pressões sobre os recursos naturais que não são desprezáveis”, alerta.
António Pedroso exige assim “explicações referentes aos últimos três anos, no sentido da manutenção do passo e qual o investimento associado, tudo em nome da garantia da renovação constante de água e bem assim da manutenção do equilíbrio ecológico do local”, avança.
“É preciso conhecer que problemas subsistem no âmbito da gestão da Fajã da Caldeira de Santo Cristo e que papel, ou que ações, têm tido o Parque Natural de São Jorge e a Direção Regional dos Assuntos do Mar, respetivamente, no sentido de os dirimir ou resolver”, acrescenta o deputado.
António Pedroso pede, em requerimento já enviado à ALRAA, “os dados dos últimos dois anos relativos a ações de limpeza de sargaços no interior da lagoa da Caldeira de Santo Cristo, a avaliação das necessidades de reposição de stock de ameijoa e sobre o estado ecológico e químico das águas da lagoa da Caldeira”, adianta.
Na Lagoa da Fajã da Caldeira do Santo Cristo, existe a única população de amêijoa comercialmente explorável nos Açores. Com a reclassificação operada pelo Parque Natural da Ilha de São Jorge, a Fajã passou a integrar a Área de Paisagem Protegida das Fajãs do Norte, e faz parte, desde 2016, da Reserva da Biosfera das Fajãs de São Jorge, classificação da UNESCO.