O PSD/Açores considerou hoje que os “sucessivos adiamentos” no processo de privatização de 49% do capital social da SATA Internacional constituem indícios de um “ato de encenação do governo regional”.
“Os sucessivos adiamentos da privatização, bem como as novas desculpas que o governo regional apresenta todos os meses para justificar os atrasos no processo, indiciam que se está perante um ato de encenação do governo regional. Esperemos que isso não se confirme”, afirmou o deputado social-democrata António Vasco Viveiros, à margem dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao setor público empresarial regional.
O parlamentar do PSD/Açores, que falava após a audição do presidente do conselho de administração do Grupo SATA, referiu que “os atrasos são incompreensíveis, visto só existir um concorrente”, e salientou que as últimas informações reveladas aos deputados “só vieram adensar a falta de transparência no processo”.
“No mês passado, o presidente da administração da SATA afirmou que o processo de privatização aguardava um parecer técnico-jurídico. Agora arranjou mais uma desculpa, ao dizer que o único concorrente, a Loftleidir Icelandic, pediu nova documentação”, disse.
António Vasco Viveiros manifestou “estranheza” perante esta informação, dado que “esse suposto pedido ocorreu em simultâneo com a solicitação da comissão parlamentar de inquérito para que a SATA entregasse aos deputados a proposta da Loftleidir Icelandic”.
“Isto faz-nos temer estarmos perante um ato de encenação do governo regional apenas para ganhar tempo, enquanto não arranja um ‘Plano B’ para a SATA Internacional, caso falhe o processo de privatização”, sublinhou.
O deputado social-democrata considerou ainda “altamente preocupante” que as quatro aeronaves Dash Q400, que compõem a frota inter-ilhas da SATA Air Açores, “tenham sido entregues, em 2017, ao Novo Banco”, em troca da obtenção de financiamento para o grupo.
“Ou seja, ao fazer a reserva de propriedade dos Dash Q400 a favor de um banco, a administração da SATA, com a conivência do governo regional, acabou por ‘vender os anéis’ da empresa”, afirmou.
António Vasco Viveiros lamentou também que a entrega das aeronaves da SATA Air Açores à banca “tenha sido escondida dos açorianos, pois não consta do relatório e contas de 2017”.
O parlamentar do PSD/Açores acrescentou que a audição do presidente do conselho de administração da SATA “só veio aumentar a nossa preocupação com a situação da companhia”.
“O senhor presidente da administração da SATA disse que a companhia se encontra numa situação dramática e que as acessibilidades aos Açores ‘podem estar em risco’. Isto é altamente perturbador e demonstra que a empresa continua sem rumo, apesar das promessas com que o governo tenta iludir os açorianos”, concluiu.