O PSD/Açores considerou “não haver dúvidas de que o único responsável pelo elevado nível de abstenção, atingido nos Açores nas recentes eleições europeias, é o PS”. Segundo os social-democratas “a desilusão crescente na sociedade açoriana criou um manifesto afastamento do acto eleitoral”, sendo essa “a única conclusão possível da leitura, com honestidade, dos resultados eleitorais de há pouco mais de uma semana”.
Numa declaração política feita em plenário da assembleia legislativa, o líder parlamentar da bancada laranja assumiu que “também para o PSD, a abstenção é preocupante, mas convém fazer a sua leitura com honestidade política, pelo que não é sério desvalorizar quaisquer resultados sem que primeiro se avalie a responsabilidade do alto nível de abstenção que nestas europeias se verificou”, disse António Marinho.
“Se para alguns a abstenção é estúpida, para nós é um factor que aconselha a mudanças profundas, pelo que nem comentamos o atributo agora dado a um fenómeno que se vem alargando nos Açores”, garantiu, considerando “surgiram até ideias peregrinas, como a de tornar o voto obrigatório, sujeito a penalizações” por parte de quem “terá de rever a sua forma de estar na política, quando não, tende a criar multidões de desiludidos que, ao longo dos anos, se vão apercebendo do completo falhanço de opções a que anteriormente deram o seu aval nas urnas”, afirmou.
“A vitória nestas eleições, no país como nos Açores, teve, obviamente, um detentor claro. Seria bom que fosse humildemente reconhecida, tal como em outros momentos o fez quem agora ganhou, nas alturas em que perdeu”, disse, recordando que “o PSD foi o partido vencedor, com 40.1% dos votos, e o PS, teve menos sete pontos percentuais nos Açores, uma diferença superior à da derrota a nível nacional, que se ficou pelos cinco pontos, o que constitui também matéria para análise”.
“Os açorianos cansaram-se da permanente propaganda”, disse António Marinho, considerando que “também nestas eleições quiseram – os açorianos – dar nota disso, pois não sentem os reflexos da aplicação de muitos milhões de euros na sua qualidade de vida”.
“A tendência de subida do PSD é algo que, manifestamente, começa a incomodar quem está no poder regional e, para as europeias, Berta Cabral soube escolher uma candidata que se mostrou como uma enorme mais-valia para a defesa dos interesses dos Açores na Europa”, acrescentou. Segundo António Marinho “o dia das eleições foi dia de prova e os açorianos deram uma nota claramente positiva ao PSD e a Berta Cabral”.
“Talvez por ter consciência de todos estes ingredientes, Carlos César sabia que podia perder para o PSD”, pelo que “andou por fora e, quando voltou, tentou desesperadamente perder por poucos, utilizando até o já habitual recurso à deselegância, mas limitou-se a assistir à derrota”, disse António Marinho.
“Talvez só a dimensão das perdas o tenha espantado, pois a arrogância e o tom agressivo foram claramente vencidos. A tolerância, a seriedade, a vontade ganharam. A mudança começou. Os Açorianos já a sentem”, concluiu.