PSD diz que propostas do Chega na região não “ferem matriz social-democrata”

Foto de Arquivo
A Comissão Permanente do PSD defendeu hoje que as propostas do Chega para viabilizar o novo Governo Regional do Açores “em nada ferem a matriz social-democrata” e insistiu que não existe qualquer acordo nacional com este ou outros partidos.

Em comunicado, o órgão restrito da direção do PSD começa por “saudar vivamente” José Manuel Bolieiro pela sua indigitação para presidente do Governo Regional dos Açores.

“O acordo de governo PSD-CDS-PPM – uma nova Aliança Democrática – tem todo o nosso apoio institucional e político. Ele materializa o fim de uma hegemonia governativa socialista de 24 longos anos, que fica negativamente marcada por tiques de autoritarismo e fenómenos de nepotismo”, refere o partido.

Já sobre o apoio do Chega a esta solução – que tem sido alvo de críticas por parte de vários partidos, sobretudo pelo PS -, a Comissão Permanente considera que os quatro objetivos que o Chega defendeu, e de que deu conhecimento ao Representante da República, para viabilizar o novo Governo Regional “em nada ferem a matriz social-democrata do PSD”.

“Propor a redução do número de deputados regionais, criar um Gabinete Regional de Luta Contra a Corrupção, reduzir a elevadíssima subsidiodependência na Região e promover o aprofundamento da autonomia política no quadro do Estatuto Político-Administrativo dos Açores e da Constituição da República são quatro aspetos que um Governo liderado pelo PSD deve naturalmente prosseguir na sua governação regional”, consideram os sociais-democratas.

“Mal fora que não o fizesse apenas porque o Chega também o defende”, acrescenta ainda o partido.

No comunicado, o PSD acusa a governação socialista nos açores de ter “estagnado o desenvolvimento social e económico de muitos açorianos, colocando-os nos piores níveis de pobreza, de sucesso educativo e de acessibilidade aos cuidados de saúde”.

“Dar e aumentar rendimentos fruto do trabalho, reduzindo a necessidade de subsídios e fiscalizando melhor a sua atribuição é, seguramente, um objetivo social-democrata”, apontam.

A Comissão Permanente aponta igualmente que os objetivos consensualizados entre o PSD-Açores e a Iniciativa Liberal devem ser prosseguidos pelo futuro executivo regional, entre os quais se incluem a diminuição do peso do Estado na sociedade e na economia, o combate à pobreza ou a redução da dívida pública açoriana.

“A Comissão Permanente volta a afirmar que não há nenhum acordo nacional, com o IL ou o Chega, assim como também não o há com os próprios partidos que sustentam a coligação regional açoriana”, refere o texto.

A direção restrita do PSD, liderada por Rui Rio, insta José Manuel Bolieiro a “prosseguir com força e convicção esta importante mudança política na Região”.

“A exemplo do que se passa em Portugal continental, necessita de uma governação mais competente, sem mentiras e mais virada para o futuro”, defendem os sociais-democratas.

José Manuel Bolieiro foi indigitado no sábado presidente do Governo Regional pelo representante da República para os Açores, Pedro Catarino.

O PS venceu as eleições legislativas regionais, no dia 25 de outubro, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representavam 26 deputados, anunciaram esta semana um acordo de governação, tendo alcançado acordos de incidência parlamentar com o Chega e o Iniciativa Liberal (IL).

Com o apoio dos dois deputados do Chega e do deputado único do IL, a coligação de direita soma 29 deputados na Assembleia Legislativa dos Açores, um número suficiente para atingir a maioria absoluta.

 

 

Lusa

 

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