O PSD/Açores questionou o Governo regional sobre a entrada em funcionamento da unidade de tratamento para toxicodependentes no Solar da Glória, em Ponta Delgada, como a primeira comunidade terapêutica dos Açores, após sucessivos atrasos na abertura desta comunidade que foi anunciada em 2008 pelo executivo socialista.
Carlos Ferreira, deputado do PSD/Açores, lamenta que face ao “quadro negro” da Região em matéria de dependências, os toxicodependentes que irão beneficiar deste serviço sejam obrigados a aguardar cinco anos pela abertura desta comunidade, lembrando que em 2012, ano eleitoral, foi lançada a primeira pedra para a adaptação do Solar da Glória.
O parlamentar social-democrata açoriano exigiu também a Rui Luís, secretário regional da Saúde, um esclarecimento sobre o plano de ação da comunidade, a entidade responsável e os critérios que levaram à escolha dessa entidade, a ARRISCA.
Carlos Ferreira desafiou ainda Rui Luís a justificar “as razões que justificam que o executivo açoriano não tenha publicado um procedimento aberto a todas as instituições interessadas em desenvolver a intervenção na área das dependências”.
Segundo os dados oficiais mais recentes do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), os Açores ocupam os piores lugares a nível nacional no que diz respeito ao consumo de drogas, sobretudo no sei da comunidade escolar, tendo a Comissão para a Dissuasão da Toxicodependência de Angra do Heroísmo reconhecido, através de um parecer, as “deficiências da política de combate ao uso de substâncias, bem como a outras problemáticas aditivas. Havendo, inequivocamente, um défice claro nas iniciativas de intervenção, mormente no domínio da intervenção”.
Depois de na sessão plenária de janeiro da Assembleia Legislativa dos Açores, Carlos Ferreira ter alertado “para a falta de estratégia do Governo para combater as dependências” e ter defendido a realização de um estudo que “proporcione o diagnóstico completo e atualizado, a partir do qual se deve construir essa mesma estratégia”, o deputado do PSD/Açores reitera a acusação, defendendo que se pressupunha que após a criação, em 2008, da Direção Regional de Prevenção e Combate às Dependências, que desenvolveu um Plano Regional de Prevenção e Combate à Toxicodependências 2010-2012, esta tivesse continuado, “o que não se verificou, porque em 2012, na formação do seu primeiro governo, Vasco Cordeiro extinguiu a Direção Regional de Prevenção e Combate às Dependências, tendo em 2016, e na formação do XII Governo Regional, voltado a cria-la, sendo este o maior exemplo político do caminho errático do Governo regional nessa matéria”, concluiu Carlos Ferreira.
Em 2014, o então Secretário Regional da Saúde afirmava que o Governo dos Açores estava a desenvolver diligências para que as obras da unidade de tratamento para toxicodependentes que está a ser construído no antigo Solar da Glória, em S. Miguel, “possam avançar o mais rapidamente possível”, mencionando na altura que “surgiram dificuldades com o empreiteiro”, garantindo Luís Cabral que estavam a ser “desenvolvidos esforços para que a situação seja resolvida e as obras possam estar concluídas no fim do corrente ano, de modo a que no primeiro trimestre de 2015 a reabilitação dos toxicodependentes possa ser feita, nos Açores, mais perto das suas famílias”, o que até agora ainda não aconteceu.
Açores 24Horas