O líder do PSD/Açores insistiu hoje em que havia no arquipélago uma unanimidade contra a privatização da elétrica regional e que “partidos, cidadãos, trabalhadores e sindicatos devem começar a ficar preocupados” com a eventual quebra desse consenso.Duarte Freitas falava aos jornalistas em Ponta Delgada, no final de um encontro com a Comissão de Trabalhadores da EDA, a elétrica açoriana, que pediu audiências aos partidos políticos da região.
Segundo o líder do maior partido da oposição nos Açores, os trabalhadores da empresa “estão preocupados” com a “indecisão” relacionada com a eventual privatização da elétrica, que está maioritariamente em mãos públicas.
“Quando se entendia que havia um consenso, até uma unanimidade, nos Açores, pelo menos entre os partidos parlamentares, no sentido de não se proceder a mais privatizações da elétrica dos Açores, parece que agora, da parte do partido do Governo [Regional, o PS], há reflexão sobre se será bem assim”, afirmou.
Duarte Freitas reiterou que no programa do Governo Regional está “claramente” que o executivo “não iria privatizar empresas produtoras de bens públicos, que é o caso da energia elétrica, e que não iria privatizar empresas estratégicas, que é o caso da EDA”.
“No programa do Governo isto é tão evidente que só falta mesmo um desenho”, afirmou, dizendo-se por isso “estupefacto” com declarações recentes do líder parlamentar do PS na Assembleia açoriana, Berto Messias.
Na quarta-feira, Berto Messias afirmou que “não está no programa do Governo [Regional] uma posição contra a privatização da EDA, como não está uma posição a favor”, acrescentando que Vasco Cordeiro, quando era candidato à presidência do executivo da região e depois já como presidente do Governo, “foi muito claro relativamente à EDA: as coisas estão bem como estão, se houver alterações ou evoluções relativamente a essa questão, haverá uma comunicação ao parlamento, aos partidos políticos e aos açorianos”.
“Se não houve essa comunicação é porque não houve qualquer alteração”, acrescentou.
Para Duarte Freitas, “toda a gente já percecionou que há aqui muito mais coisas escondidas do que aquilo que para já é óbvio” e “o PSD, os outros partidos, os trabalhadores, os sindicatos, os cidadãos, devem começar a ficar preocupados com a eventual quebra deste consenso ou até unanimidade que havia na região quanto à não privatização da EDA”.
Duarte Freitas acrescentou esperar que haja uma clarificação de posições em breve, lembrando que o PSD se prepara para levar ao parlamento regional uma resolução em que recomenda ao Governo dos Açores que não privatize mais capital da EDA.
Aquilo que importa ao partido, ressalvou, são “as pessoas que estão em causa”, enumerando cidadãos, consumidores e trabalhadores.
O PSD, afirmou, é contra a privatização da empresa dadas as especificidades dos Açores: nove ilhas, com nove centros produtores “muito frágeis e com uma economia também frágil e que não pode deixar de ter a segurança no abastecimento de um bem público como é a energia elétrica”.
Duarte Freitas acrescentou que, daquilo que percebeu durante a reunião com a Comissão de Trabalhadores da EDA, não há uma “posição interna já” quanto à questão da eventual privatização.
Lusa